Folha de S. Paulo


PUC apura papel de professores em protesto contra reitora em 2012

A reitora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Anna Maria Marques Cintra, abriu investigação que pode resultar na expulsão de três professores que, em 2012, supostamente se envolveram em ato contra sua nomeação.

Os docentes de filosofia Jonnefer Barbosa, Yolanda Gloria Gamboa Muñoz e Peter Pál Pelbart são acusados de participar da idealização e da divulgação de ato encenado pelo diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa no "pátio da Cruz", na PUC, em novembro de 2012.

Na encenação, atores decapitaram um boneco representando o papa e a Igreja Católica, que, por meio da Fundação São Paulo, mantém a universidade.

No documento que instaura a investigação, a reitora afirmou que os docentes, se comprovado seu envolvimento, terão contribuído "para a desordem e atos de indisciplina" e "atentado contra o patrimônio moral e cultural" da PUC.

Caso a investigação preliminar considere haver indícios suficientes do envolvimento dos professores, será aberta uma sindicância. Nessa segunda fase, se os docentes forem responsabilizados, poderão ser advertidos, suspensos ou expulsos. Os professores foram intimados a depor no dia 8 de agosto.

Adriano Vizoni - 27.nov.12/Folhapress
Encenação com o diretor teatral Zé Celso Corrêa e boneco representando o papa no 'pátio da Cruz', na PUC
Encenação com o diretor teatral Zé Celso Corrêa no 'pátio da Cruz', na PUC

'PAPELÃO'

José Celso Martinez Corrêa foi "convidado a prestar esclarecimentos" no dia 1º, às 10h. "Vou me colocar naquele tribunal de inquisição com liberdade", disse, desde que mudem o horário do depoimento –ele trabalha à noite e acorda tarde.

Zé Celso contesta a tese da reitora. "Foram os alunos que me chamaram. Estão querendo cassar os professores. Isso é um absurdo. Não é uma igreja, é uma universidade laica. Dom Odilo deve estar irritado porque não foi nomeado papa. Por isso o papelão."

O cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da PUC-SP, nomeou Anna Cintra reitora mesmo ela tendo ficado em terceiro lugar em eleição interna. Por meio da assessoria, Scherer disse que a investigação é uma questão interna e que não se manifestaria.

A PUC-SP, em nota, afirmou que não se posicionará até agosto, quando se encerra o recesso acadêmico-administrativo. Muñoz e Pelbart não quiseram se pronunciar. Barbosa defendeu a livre expressão artística e intelectual na universidade.


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