Folha de S. Paulo


Apesar de concursos, SP contrata mais professores temporários

Apesar das sucessivas convocações de professores aprovados em concursos públicos, o governo de São Paulo não conseguiu diminuir o número de docentes temporários em suas escolas.

Dados obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que de 2011 a abril deste ano (gestão Geraldo Alckmin-PSDB), o contingente de docentes temporários mais que dobrou e agora representa 24% do total de professores.

São quase 40 mil temporários a mais, num período em que foram chamados pelo Estado 37 mil concursados.

Ou seja, a saída de professores concursados tem sido maior do que a entrada de novos aprovados em concurso, afirmam educadores.

editoria de arte/folhapress

METAS

A quantidade de temporários é apontada como um dos problemas mais graves da rede estadual, que responde por quase metade de todas as matrículas de São Paulo.

Na última avaliação do próprio governo, houve piora no desempenho dos estudantes em português.

O governo diz que são necessários temporários para cobrir concursados que foram para novos projetos.

Os professores temporários não possuem estabilidade, e parte deles não foi aprovada ou nem foi avaliada em exame aplicado pelo governo.

Questionada sobre os números, a Secretaria da Educação afirmou que a quantidade de temporários em 2014 a ser considerada na comparação deve ser menor do que a fornecida pela própria pasta com base na lei de acesso.

O contingente correto, diz a secretaria, é de 42 mil temporários –número, ainda assim, superior aos 26 mil de 2011, início da atual gestão.

"Os concursados são chamados, mas muitos nem aparecem, outros desistem rapidamente", disse Francisco Poli, presidente da Udemo (sindicato dos diretores de escolas estaduais) e membro do Conselho Estadual de Educação. "A situação só melhorará quando eles tiverem boas condições e puderem trabalhar em apenas uma escola."

Felipe de Oliveira Queiroz, 29, por exemplo, foi aprovado em concurso no ano passado, mas ficou apenas três semanas na escola estadual. "As condições não eram boas e eu ganharia muito menos do que na rede municipal de Praia Grande (SP)."

O Conselho Nacional de Educação recomenda que as redes tenham no máximo 10% de docentes temporários. No panorama mais positivo ao Estado, considerando os dados atualizados da Secretaria da Educação, essa proporção está em 18%.

A diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, afirma que o número de temporários poderia ser reduzido a partir de uma política "vigorosa" para diminuir as faltas dos efetivos. "O temporário, quando entra, não desenvolve a aula da mesma forma", disse.


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