Folha de S. Paulo


Interdição ameaça pesquisas na USP Leste

Interditada desde o início deste mês, a USP Leste está ameaçada de perder parte de suas pesquisas, pois seus pesquisadores não conseguem acessar os laboratórios.

Emergencialmente, foram transferidos apenas as atividades de aulas para o campus Butantã. A unidade da zona leste foi interditada judicialmente devido à contaminação ambiental do local.

Pesquisadores temem perder parte dos materiais usados nos trabalhos científicos. No local, há drosófilas, bactérias e fungos, que devem ser manuseados regularmente para sobreviverem.

"Na verdade, pode ser que já tenhamos perdas", afirmou Luis Cesar Schiesari, presidente da comissão de pesquisa da unidade (oficialmente chamada EACH).

Perda certa, diz Schiesari, ocorre em experimentos que exigem tomada regular de dados, como o controle de qualidade da água.

"Tenho um aluno que fazia simulações em uma laboratório de física da USP Leste que está fechado", relata a física Adriana Tufaile, que é professora da unidade e diretora da Adusp (Associação dos Docentes da USP).

"Ele terá problemas para fazer o relatório da sua pesquisa de iniciação científica. A pesquisa parou", diz.

A USP Leste é a 30ª unidades que mais produz ciência na USP –são 57 ao todo.

A USP declarou, via assessoria de imprensa, que entrou há uma semana na Justiça com um pedido para acessar a unidade para fazer a manutenção necessárias aos materiais de pesquisa. Agora, aguarda a decisão judicial.

Em entrevista à Folha, o novo reitor Marco Antonio Zago, que toma posse hoje, data em que a universidade completa 80 anos, disse que a licitação para a retirada do gás metano do solo da unidade leste já está sendo feita.

"Herdamos situação complicada [da gestão anterior]. Mas não são problemas insolúveis", disse Zago.

A unidade leste foi construída sobre um leito de matéria orgânica que expele metano, um gás inflamável.

Além disso, a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) já detectou a presença de metais pesados no solo da unidade.­

"Não queremos retomar as atividades na unidade enquanto não tivermos certeza da segurança", diz Zago.

A Fapesp, principal agência de financiamento de ciência do Estado de São Paulo, informou via sua assessoria de imprensa que irá avaliar os casos de pesquisas interrompidas por falta de acesso aos laboratórios, caso isso seja solicitado individualmente pelos pesquisadores.

IMBRÓGLIO

A reposição das aulas perdidas durante a greve realizada em setembro (motivada pela contaminação ambiental) e as provas finais de 2013 estão sendo feitas no Instituto de Psicologia, no campus central, no Butantã.

Já as atividades administrativas estão no Centro de Práticas Esportivas da USP.

Mas o local das aulas do primeiro semestre de 2014, que começam em 17 de fevereiro, está indefinido. Cerca de mil novos calouros vão chegar à unidade neste ano.

A USP leste tem mais de 4.000 pessoas, dentre docentes, alunos e funcionários.


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