Folha de S. Paulo


Analfabetismo deixa de cair pela 1ª vez em 15 anos e vai a 8,7%

Pela primeira vez em 15 anos, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade aumentou no país, interrompendo uma tendência de queda contínua que se acelerou principalmente desde o fim dos anos 90.

O percentual foi de 8,6% para 8,7% entre 2011 e 2012, com um contingente de 13,2 milhões de analfabetos no país.

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Os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) foram divulgados nesta sexta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para Maria Lucia Viera, gerente do IBGE, a variação, no entanto, representa uma estabilidade, dentro da margem de erro da pesquisa. Segundo ela, será necessário aguardar os dados da pesquisa do próximo ano para verificar se a taxa de analfabetismo estagnou ou se continuará a trajetória de queda no longo prazo.

Além disso, a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, afirma que há um componente demográfico que influencia a taxa de analfabetismo, "já que a população envelhece e os não alfabetizados se concentram nas faixas etárias mais elevadas."

Entre os brasileiros com 60 anos ou mais, o percentual chegou a 24,4%. Já na outra ponta, a menor taxa foi entre jovens de 15 a 19 anos (1,2%).

Por região, a Nordeste lidera historicamente esse indicador e concentrava em 2012 mais da metade do total de analfabetos de 15 anos ou mais de idade. A taxa chega a 17,4%, ante os 4,4% do Sul e os 4,8% do Sudeste, que têm os menores percentuais.

Na avaliação de Eliane Andrade, professora do departamento de educação da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e da UniRio, a redução da taxa pode perder ritmo, uma vez que os analfabetos que restam no país são cada vez de mais difícil inclusão, citando idosos e moradores de áreas rurais.

"A tendência é que se chegue em uma taxa em que é difícil conseguir grandes variações", afirma. A especialista também afirma que o aumento de 2011 para 2012 não foi expressivo e pode estar dentro de uma margem de erro da pesquisa.

A gerente do IBGE disse ainda que com a elevada inclusão das crianças no ensino fundamental, de 98,2%, a tendência de longo prazo é de redução do analfabetismo.

ANOS DE ESTUDO

A pesquisa mostra também que outros indicadores de educação melhoraram. "Em termos gerais, os dados quantitativos de educação apontam para um avanço, mas a pesquisa não mede a qualidade do ensino", diz a gerente do IBGE.

A média de anos de estudo entre a população com 10 anos ou mais subiu de 7,3 para 7,5 de 2011 para 2012. As mulheres dedicam mais anos ao aprendizado na escola: são 7,7 anos ante 7,3 anos dos homens.

Além disso, a presença de crianças de 4 ou 5 anos nas escolas aumentou de 77,4% para 78,2% no período. Nas faixas de 6 a 14 anos e de 7 a 14 anos ficou estável em 98,2% e 98,5%, respectivamente, mas já num nível elevado. Em outras faixas houve alta, exceto no de 25 anos ou mais, em que ocorreu uma queda de 4,5% para 4,1%.

Editoria de arte/Folhapress

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