Folha de S. Paulo


No ensino médio, vestibular orienta a mudança de escola

Ao chegar na etapa final do ensino fundamental, Gabriel Demétrius e Olívia Levy, 16, resolveram tomar as rédeas da vida escolar.

Após sete anos na mesma escola, Gabriel pediu aos pais para mudar. Queria algo mais "puxado". Com a família, ele foi a cinco colégios.

"Eu queria algo mais forte para o ensino médio", diz o aluno. "Também avaliei se a escola preparava para olimpíadas científicas e para o curso do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica)."

A escolha do garoto foi bem aceita pelos pais. "Eu nunca o cobro, procuro direcioná-lo nas decisões", diz a mãe, Eliana Celencina, 53.

Diante dos desafios do ensino médio, é normal que jovens troquem de escola nessa fase --e a preparação para os processos seletivos das faculdades vira prioridade.

Nessa hora, cabe aos pais dialogar com o estudante e cuidar para que outros critérios, como o projeto pedagógico e os valores da instituição, não sejam abandonados.

"As pressões dessa etapa podem ser ampliadas ou amenizadas pelo perfil da escola", orienta Ocimar Alavarse, pesquisador da Faculdade de Educação da USP. "Há colégios que impõem um padrão competitivo", diz.

Dessa forma, o desempenho da instituição em avaliações como Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) não deve ser a única referência.

"É um parâmetro. Mas ele é enganoso, porque não dá a variabilidade de desempenho dos alunos, mas a média."

"O estudante tem que ser estimulado a refletir, argumentar e produzir ideias", diz Ângela Soligo, da Faculdade de Educação da Unicamp.

Foi o que buscou Olívia ao trocar de escola após oito anos. Depois de visitar duas instituições com a mãe, optou por um projeto mais humanista, onde faz trabalhos sociais e tem aulas de cinema. "Queria algo que me preparasse mais para a vida."

Editoria de Arte/Folhapress

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