Folha de S. Paulo


Número de escolas com período integral triplica em dez anos em São Paulo

Até 2010, a médica Simone Nuñez contava com a ajuda de duas babás para cuidar dos filhos Camila e Diego --então com 8 e 5 anos. Quando elas precisaram deixar o trabalho, no final daquele ano, a família não teve saída: matriculou as crianças em período integral.

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"A gente ficou com medo de não achar alguém de confiança", afirma Simone, 40. Como no caso dela, ampliar a permanência dos filhos na escola tem sido uma opção cada vez mais comum para quem trabalha fora.

Em dez anos, só na cidade de São Paulo, o número de instituições particulares com turmas de sete ou mais horas diárias de aula triplicou. Passou de 729 em 2002 para 2.208 em 2012, mostra o Censo Escolar.

No colégio onde Camila e Diego estudam, o ensino integral começou há dez anos. "Percebemos um movimento na sociedade. A babá é uma opção cara e os pais querem um local mais seguro para deixar as crianças", afirma a coordenadora Ana Cristina Croce, do São Luís (região central).

No início, eram cerca de 30 crianças nessa modalidade. Hoje, são 300 --do segundo ano do maternal até o quinto ano do fundamental.

No Pueri Domus, a demanda cresceu após a promulgação, em abril, da lei que limita a jornada de trabalho dos empregados domésticos.

"Só nesta unidade [Verbo Divino, na zona sul], foram 12 matrículas", diz Patricia Costa, coordenadora do projeto Escola Ampliada, que tem 120 alunos até o quinto ano.

Editoria de Arte/Folhapress

QUALIDADE

Para além da necessidade das famílias, a ampliação do tempo na escola tem ganhos pedagógicos. Para isso, as atividades no contraturno devem ser planejadas.

"Um bom indicador é o colégio apresentar esse período como um projeto único. A escola tem que ter muita clareza do que acontece nesses dois períodos", diz a pedagoga Anna Helena Altenfelder, superintendente do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária).

Para Neide Noffs, da Faculdade de Educação da PUC-SP, o período extra deve ser aproveitado para diversificar as experiências. "De forma alguma é mais tempo para fazer as mesmas coisas."

Zé Carlos Barretta/Folhapress
O estudante Diego Nunez, 8, faz lição no período da tarde com o acompanhamento da orientadora Carolina Castellan
O estudante Diego Nunez, 8, faz lição no período da tarde com o acompanhamento da orientadora Carolina Castellan

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