Folha de S. Paulo


Unicamp forma hoje a primeira turma de 'cotistas por mérito'

O programa de inclusão social da Unicamp, que inspirou o modelo paulista de cotas, forma hoje sua primeira turma.

Exigência do programa de inclusão é alta como na graduação

São 54 alunos oriundos de escolas públicas de Campinas (a 93 km de São Paulo) que fizeram uma espécie de curso à parte, com aulas de várias áreas de conhecimento.

Eles têm até hoje para escolher qual graduação querem seguir. Dos 67 cursos da Unicamp, 61 terão vagas.

Criado em 2010, o programa serviu de inspiração para a proposta do governo de São Paulo de montar um curso destinado a estudantes de escolas públicas no Estado que queiram entrar na Unicamp, na USP e na Unesp.

Caio Kenji/Folhapress
O estudante Dionys Dener Antonio, que participou do programa de inclusão social da Unicamp, em sua casa, em Campinas
O estudante Dionys Dener Antonio, que participou do programa de inclusão social da Unicamp, em sua casa, em Campinas

A proposta ainda terá de ser aprovada pelos Conselhos Universitários.

A seleção para o programa da Unicamp, chamado de Profis, usa como base a nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Ao menos um aluno de cada escola pública de Campinas é chamado.

O curso tem 120 vagas anuais e pode ser concluído entre dois e três anos. Quem se forma tem vaga garantida na universidade, sem prestar vestibular, mas a entrada na graduação depende do número de vagas disponíveis e do rendimento do aluno.

"Nós damos essa opção como uma ação afirmativa, mas mantemos a seleção pelo mérito", afirma o pró-reitor de graduação da Unicamp, Marcelo Knobel.

Um dos requisitos para se formar é fazer uma pesquisa de iniciação científica.

Quem não quiser continuar na universidade terá um certificado de conclusão em curso de nível superior.

Os professores são voluntários da instituição e usam a infraestrutura já existente.

Editoria de Arte/Folhapress

COMPLEMENTO

Além das aulas obrigatórias, os alunos podem cursar disciplinas da graduação.

Knobel diz que a intenção não é "nivelar" quem vem de escola pública com os estudantes aprovados pelo vestibular, mas oferecer um complemento à graduação.

"O aluno que passa pelo Profis sofre exigências e passa por processos como qualquer outro aluno da Unicamp, não é um cursinho. Só que ele sai com uma base de formação muito mais ampla."

Um dos objetivos é corrigir uma distorção: em média, 80% dos concluintes do ensino médio em São Paulo são de escolas públicas, mas apenas cerca de 30% dos alunos da Unicamp têm esse histórico, segundo a universidade.

As inscrições para 2013 estão encerradas. As aulas da nova turma começarão na próxima semana.


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