Folha de S. Paulo


Cursinhos dizem que tempo prejudicou alunos em prova da Unicamp

Os professores de cursinhos pré-vestibulares afirmaram que o tempo curto pode ter prejudicado alguns estudantes que fizeram as provas de humanas da segunda fase do vestibular 2013 da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Veja a prova do 2º dia da segunda fase da Unicamp
Segundo dia de provas da Unicamp tem 13,4% de abstenção; veja prova

Hoje, os alunos responderam a 18 questões de ciências humanas --história e geografia-- e seis de língua inglesa. Todas as questões eram dissertativas.

De acordo com o coordenador geral do cursinho Anglo, Luís Ricardo Arruda, o tempo pode ter prejudicado os alunos menos preparados. "Se você for redigir adequadamente todas as questões, não dá tempo, não dá para gabaritar a prova. Mas isso nem precisa ser feito, a prova é uma corrida, vence quem fizer mais pontos que o colega do lado", completou.

Porém, o coordenador afirmou que o segundo dia de provas da Unicamp 2013 teve um nível médio de cobrança de conhecimentos. "Tinham questões fáceis, médias e difíceis. Um aluno de nível mediano teria chances de acertar bastante".

O diretor pedagógico da Oficina do Estudante, Célio Tasinafo, também afirmou que os alunos poderiam ser prejudicados pela falta de tempo para resolver o exame. "Neste ano a Unicamp cobrou muitas coisas que a maioria dos estudantes conhecem bem. Isso pode comprometer os alunos com dificuldade para planejar o tempo de resolução das questões porque eles escrevem muito, sem se preocupar com as outras questões, que podem até ficar em branco, disse."

Mas, de acordo com a análise do coordenador, a prova foi clássica e bem elaborada. "A Fuvest é mais criativa, mas, mesmo sem ousar tanto, a Unicamp não perde em qualidade."

Para Edmilson Motta, coordenador geral do Etapa, a edição 2013 da segunda fase da Unicamp foi mais simples. "Não teve questões de filosofia ou sociologia, o que torna a prova um pouco mais amigável para a maioria dos candidatos."

Ainda de acordo com Motta, uma prova com um grande número de questões, como a Unicamp, ajuda a avaliar o aluno. "São 48 itens em cada dia, não tem como a avaliação ser ruim ou imprecisa. A prova da Unicamp foi bem construída, como sempre."

Veja abaixo as avaliações individuais de cada matéria.

HISTÓRIA

De acordo com o professor de história do Objetivo Francisco Alves da Silva, a prova deste ano foi de qualidade muito boa. "A palavra que sintetiza a prova é equilíbrio. A banca teve cuidado de separar a história mais factual da história mais conceitual e interpretativa. Todos os períodos foram contemplados".

"A prova deste ano foi bastante interessante, bem objetiva. Nenhuma questão tinha textos longos, eles deram preferências para imagens, o que foi diferente. O tempo para resolver todas as perguntas foi suficiente para o estudante que estivesse preparado", afirmou Silva. Para o professor, questões de atualidades foram evitadas porque são muito "polêmicas".

Os professores do cursinho Anglo também consideraram a prova de história muito bem elaborada. "História foi só elogios. A prova oferecia a utilização de textos como suporte e pedindo a interpretação de gráfico, pintura e fotografia, o que ajuda os estudantes que estão preparados", ressaltou o coordenador geral Luís Ricardo Arruda.

Ainda de acordo com a análise do Anglo, a edição deste ano do exame manteve o nível de avaliação se comparada com as provas passadas.

O coordenador geral do Etapa também afirmou que a prova de história foi bastante abrangente. "Se comparada com a Fuvest, foi relativamente básica. Mas não foi muito complexa, deixou o candidato mais seguro. O maior limitante era conseguir responder tudo a tempo", disse Edmilson Motta.

GEOGRAFIA

Luís Ricardo Arruda, coordenador geral do Anglo, criticou a prova de geografia desta edição da segunda fase da Unicamp. "Pedir coisa muito específica é uma falha, é um problema. Por exemplo, uma questão perguntava sobre os abalos sísmicos no Acre. O estudante até pode fazer a relação, mas ninguém fala disso em aula, não é um tema discutido. Para mim, cobrar especificidades nunca é um bom caminho".

Para Edmilson Motta, coordenador geral do Etapa, a prova de geografia também foi bastante difícil. "As questões cobravam temas atuais, mas não eram de atualidades. O estudante tinha que saber analisar conhecimentos geográficos específicos, como mapas e gráficos, e ter capacidade de discorrer sobre os temas."
Já a professora de geografia Vera Lúcia da Costa Antunes, que dá aulas no Objetivo, afirmou que a prova foi de nível mediano. "Ela teve um valor muito grande porque consegue perceber o aluno preparado, que tem condições de ser universitário. A Unicamp nunca foi fácil, as questões tradicionalmente são conceituais, exigem formação do candidato, que deve saber responder e explicar os porquês."

Ainda de acordo com a professora, as questões exigiram uma "bela formação do aluno". "Não é qualquer estudante que faria a prova, pois ela exigiu conhecimento mesmo, foi bastante conceitual e abrangente".

INGLÊS

A professora de Inglês do Objetivo Cristina Armaganijan disse que a edição deste ano foi de nível excelente. "Foi uma prova tradicional, que logo percebe-se que é da Unicamp. Ela queria saber se o estudante tem entendimento da língua inglesa, se consegue ler e entender o que está escrito. Tinham perguntas de todos os níveis, sem ser complicada mas também não é banal".

Para a professora, o nível de cobrança de conhecimento desta edição do vestibular foi mantido. "A prova foi objetiva e muito bem elaborada. Dá para medir o conhecimento do aluno e selecionar os candidatos. Foi uma prova elogiável, como sempre."

Segundo os professores do Anglo, a prova de inglês manteve o nível se comparada com as edições anteriores do exame. "Foi uma boa prova, que cobrou conhecimento com questões fáceis, médias e difíceis. Foi bem elaborada", analisou Luís Ricardo Arruda, coordenador geral do cursinho.

Para Edmilson Motta, do Etapa, a prova de inglês foi, comparativamente, fácil. "A primeira questão foi um marco da história de perguntas fáceis de vestibular. O estudante tinha que saber ler duas placas simples, que só tinham cerca de dez palavras."

Entretanto, segundo o coordenador, a prova selecionou bem os candidatos. "Nem todo mundo tem as mesmas chances de outros, de ter uma boa aula de inglês. Então a prova ser mais simples ajuda que tem conhecimento mediano, deixa mais equilibrado." (JULIA BOARINI E FELIPE SOUZA)


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