Folha de S. Paulo


Prefeitos da região de Ribeirão não veem trânsito como prioridade

Trânsito, transporte e urbanismo não são temas considerados prioritários pelos prefeitos da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) para projetos implantados até o fim do mandato, em 2016, segundo pesquisa realizada pelo governo do Estado de São Paulo.

O levantamento, feito pela Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento Regional, apontou que apenas três de 53 prefeitos da região citaram as questões como prioridades de gestão.

A pesquisa foi realizada com prefeitos de 368 municípios paulistas. Na região, as três áreas mais citadas foram saúde, educação e habitação. No Estado, trânsito só foi mais citado do que cultura.

Edson Silva/Folhapress
Trânsito em rua de Matão, cidade é uma nas quais o prefeito não vê a mobilidade como prioridade
Trânsito em rua de Matão, cidade é uma nas quais o prefeito não vê a mobilidade como prioridade

Para Valdemir Pires, especialista em gestão pública da Unesp, questões ligadas à infraestrutura e urbanismo deveriam ser as principais áreas de atuação dos prefeitos.

Pires afirmou que saúde, educação e habitação não deveriam ser preocupação exclusiva dos prefeitos e que o federalismo (distribuição de funções entre os poderes) deveria ser mais claro sobre o que compete a qual esfera.

Para o especialista, as questões voltadas à manutenção da cidade, como coleta de lixo e melhoria do trânsito, deveriam ser prioridade.

"O prefeito hoje acaba sendo um 'gerentão'", afirmou Pires. "É apenas executor do recurso, sem poder atuar nas políticas públicas."

Na região de Ribeirão Preto, Matão (a 305 km de São Paulo) é a cidade mais populosa entre as consultadas, com 80,9 mil habitantes.

O prefeito do município, Francisco Dumont (PT), disse que urbanismo e trânsito têm espaço, mas áreas como educação e saúde têm prioridade em sua administração.

"Os municípios têm cada vez mais encargos e o Orçamento não acompanha", afirmou Dumont. "Os esforços na saúde, que deveriam ter ajuda dos outros poderes, atrapalham um pouco."

O prefeito disse que, por serem apontados como culpados de todos os problemas na cidade, os prefeitos se preocupam com obrigações que não são só do município.

Para a técnica do Cepam (Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal) que executou a pesquisa, Maria do Carmo Toledo Cruz, o trânsito não é problema para a maioria das cidades do Estado e por isso acaba tendo poucas citações.

"No Estado inteiro, só 21 municípios têm mais de 300 mil habitantes. Mais de 70% das cidades têm menos de 30 mil", disse Maria do Carmo. "Nesses casos, o trânsito só é preocupação quando há estradas rurais."


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