Folha de S. Paulo


Novo bloco da oposição impõe derrota a prefeita de Ribeirão Preto

A prefeita de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), Dárcy Vera (PSD), sofreu neste sábado (20) sua primeira derrota na Câmara após a criação do novo bloco da oposição, no último dia 2.

Em sessão extraordinária realizada pela manhã –a última do ano–, os vereadores barraram o projeto de lei que reduzia em 21,7% o preço de venda de áreas públicas.

Para ser aprovada, a proposta precisava de 12 votos favoráveis. No entanto, a base de apoio à prefeita conseguiu apenas 11 votos.

Entre os que votaram contra a redução no preço estavam os vereadores Viviane Alexandre (PPS) e Samuel Zanferdini (PMDB), que preferem ser chamados de "neutros" em invés de opositores.

Segundo o projeto, a redução no preço atingiria seis áreas públicas na zona sul da cidade, considerada região nobre. O valor total dos terrenos passaria de R$ 23 milhões para R$ 18 milhões.

Cinco áreas ficam no distrito de Bonfim Paulista. A outra fica no Jardim Cybelli.

Edson Silva - 3.out.2014/Folhapress
A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), durante assinatura de contrato de obras
A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), durante assinatura de contrato de obras

Os vereadores que votaram contra levaram em conta o momento de retração da economia que exige cautela para a venda de terrenos.

"Dar este direito [aprovar o projeto], é a mesma coisa que jogar fora o patrimônio público de Ribeirão", disse o vereador Ricardo Silva (PDT).

O governo justificou a diminuição dos valores com um laudo da Fundace (Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia), da USP, que apontou queda no preço do metro quadrado durante o ano em 13%.

Em setembro, a prefeitura fracassou em três concorrências pela falta de interessados em comprar as áreas.

Para o vereador Cícero Gomes (PMDB), que votou a favor do projeto, o valor da venda dos terrenos poderia ser usado para sanar dívidas contraídas pela prefeitura.

"A prefeitura precisa honrar suas contas e, sejamos sinceros, vão construir um posto de saúde ali?", disse.

A Prefeitura de Ribeirão Preto informou que vai acatar a decisão dos vereadores, embora não concorde, já que os terrenos não podem ser destinados à projetos sociais.

PATRIMÔNIO PÚBLICO

Na última sessão do ano, os vereadores também aprovaram um projeto de lei que institui o o prédio do Lar Santana como patrimônio cultural, histórico e arquitetônico de Ribeirão Preto.

O prédio foi um cenário de um dos episódios mais marcantes da história da ditadura (1964-1985). Foi ali, que os militares fizeram a única prisão de uma religiosa no período, a madre Maurina Borges da Silveira (1924-2011).


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