Folha de S. Paulo


USP e instituto avaliam precarização de Arquivo Público

O Ministério Público instaurou um inquérito civil para apurar a situação precária do Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).

Abrigado "provisoriamente" há 19 anos numa casa alugada no Jardim Paulista, o arquivo não pode receber mais novas doações por limitações no seu espaço.

O secretário da Cultura, Alessandro Maraca, confirmou o problema e disse que o governo tenta negociar um novo imóvel, no Jardim Paulistano.

Há estantes com livros e documentos até em banheiros e na copa dos funcionários, ao lado da cozinha.

Edson Silva/Folhapress
Documentos históricos de Ribeirão Preto armazenados em banheiro no Arquivo Público
Documentos históricos de Ribeirão Preto armazenados em banheiro no Arquivo Público

Para avaliar a situação à qual o acervo está submetido, o promotor Ramon Lopes Neto solicitou avaliações do Centro de Assistência aos Municípios do Arquivo Público do Estado e da USP.

Também pediu um laudo à prefeitura sobre o imóvel.

"Me preocupa a umidade e a falta de ventilação do local", afirmou o promotor.

Os cômodos não têm ar condicionado ou desumidificador que garantam o controle da temperatura.

Ramon afirmou que ainda não recebeu nenhuma das avaliações solicitadas.

Os documentos deverão ser entregues apenas no ano que vem, já que a Promotoria entra em recesso a partir desta segunda-feira (22).

De acordo com o promotor, só será decidido qual o próximo passo do inquérito após a análise dos laudos.

"A prefeitura já reconheceu que existe o problema. Agora, precisa encontrar uma solução", afirmou.

Segundo Arthur Barros, historiador e coordenador do arquivo, o local tem 600 m². O ideal, segundo ele, é um espaço de ao menos 2.000 m².

"Eu tenho de recusar a doação de materiais, infelizmente. Minha briga é por espaço maior", disse.

Por falta de espaço para armazenamento, parte do acervo está guardada em Jundiaí, segundo o coordenador.

Mensalmente, a prefeitura paga um aluguel de R$ 6.250 pelo uso do local.

Desde 2010, há uma promessa para que o arquivo seja transferido para o prédio da antiga fábrica da Cianê, que se transformaria em um grande espaço cultural.

A prefeitura havia anunciado um investimento de R$ 9 milhões no local. O projeto, no entanto, ainda não saiu do papel.

"O problema é que não existe nem previsão de quando isso pode ser feito", afirmou o promotor.


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