Folha de S. Paulo


Criação de emprego na região de Ribeirão é a pior desde 2008

A criação de emprego nas dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) em novembro atingiu o pior nível para o mês desde 2008, quando estourou a crise econômico-financeira mundial.

Segundo dados do emprego com registro em carteira do Ministério do Trabalho e Emprego divulgados nesta quinta-feira (18), foram fechados 2.671 postos de trabalho na região no período.

O número só tinha sido menor em novembro de 2008, quando foram encerradas 6.720 vagas, de acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do ministério.

Silva Junior/Folhapress
Trabalhador em metalúrgica de Sertãozinho; no município, 389 vagas de emprego foram fechadas
Trabalhador em metalúrgica de Sertãozinho; no município, 389 vagas de emprego foram fechadas

Segundo especialistas, o resultado foi impactado pela desaceleração da economia. Houve queda no consumo e as indústrias deixaram de produzir, demitindo trabalhadores e causando reflexos em todos os setores.

No acumulado do ano, a geração de emprego também é a pior desde 2003, que foi quando o ministério passou a divulgar as admissões e demissões por municípios.

A maior perda de vagas aconteceu nas cidades com maior dependência do setor industrial. A pior situação é a de Franca (a 400 km de São Paulo), que fechou 1.127 vagas –42% das vagas que foram cortadas na região.

Segundo o economista da Uni-Facef (Centro Universitário de Franca), Hélio Braga Filho, a indústria calçadista de Franca sofre com a falta de competitividade e a importação de produtos baratos.

Matão (a 305 km de São Paulo), cuja economia é baseada na indústria de insumos para o agronegócio, teve o segundo maior número de vagas fechadas: 945.

O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) local, Roberto Cadioli, afirmou que a seca refletiu na produção industrial.

Sertãozinho (a 333 km de São Paulo), que tem como principal atividade a produção de máquinas para o setor sucroalcooleiro, fechou 389 vagas em novembro.

A redução da criação de vagas também atingiu a construção civil, que "esgotou" um ciclo de grande disponibilidade de crédito e investimentos imobiliários.

Para o economista da USP Ribeirão, Rudinei Toneto Júnior, os cortes na indústria devem ter impactos ainda mais acentuados no comércio e serviços em dezembro.

"As famílias estão receosas por causa da instabilidade nos empregos, a alta dos juros e os salários corroídos. Não deve haver crescimento nas vendas do Natal [em relação a 2013], porque a desconfiança do consumidor é grande", disse Toneto Júnior.


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