Folha de S. Paulo


Seca histórica pode reduzir safra da cana em 5%, estima a Unica

Após dois anos de crescimento, a safra da cana voltou a cair no centro-sul por causa da estiagem recorde registrada neste ano no Estado.

A estimativa da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) é que a moagem tenha queda de 5% –para 567 milhões de toneladas.

Até 1º de dezembro deste ano, a moagem foi 3% menor do que o resultado no mesmo período no ano passado. Foram 554 milhões de toneladas, ante 571 milhões.

A falta de chuvas prejudicou o desenvolvimento da planta. A produção por hectare caiu 12,1% no Estado de São Paulo, enquanto no restante do país foi de 7,8%.

Silva Junior - 19.jun.2014/Folhapress
Vista da Usina da Pedra em Serrana, na região de Ribeirão
Vista da Usina da Pedra em Serrana, na região de Ribeirão

"Há regiões no Estado, como em Piracicaba, que a quebra da safra superou 20%", disse Marcos Guimarães Landell, pesquisador do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), da Secretaria de Estado da Agricultura.

O analista da consultoria FG/Agro João Henrique de Lima Rissi afirmou que a seca foi o principal problema da safra, apesar da atual crise financeira que atinge o setor.

Segundo ele, faltou cana, porque há capacidade de moagem ociosa nas usinas. "É possível moer mais cana que é produzida nas lavouras de toda a região."

De acordo com os dados da Unica, a queda na moagem da cana representa perda de receita de cerca de R$ 3 bilhões para as usinas.

Isto porque o faturamento médio por tonelada de cana atingiu R$ 104,25 nas unidades produtoras entre abril e novembro deste ano.

Apesar da redução da moagem, a produção de etanol neste ano deve ser ligeiramente superior ao ano anterior. São 25,81 bilhões de litros previstos nesta safra, ante 25,58 bilhões registrados em 2013/2014.

Dessa forma, a produção de açúcar deve diminuir 6,8%, com 31,94 milhões de toneladas, ante 34,30 milhões de toneladas na última safra.

PRÓXIMA SAFRA

De acordo com as projeções da FG/Agro e também da Unica, a safra 2015/2016 deve ter uma moagem similar à deste ano, caso o regime de chuvas acompanhe a média histórica na região. Do contrário, pode haver nova redução do processamento.

"A safra do próximo ano também pode ser afetada pela expansão do canavial, que pode ser menor do que a registrada neste ano por falta investimento", disse Rissi.

Com a pior crise da sua história, que teve início em 2008 e que tem como principal causa o controle artificial do preço da gasolina por parte do governo, a produção de biomassa vem crescendo como uma alternativa para a diversificação do setor.

A Usina Guarani, por exemplo, comercializou 750 mil megawatts em 2013 e a previsão para o período atual é de 1 milhão de megawatts –40% a mais.

"Na safra 2015/2016 devemos comercializar 1,2 milhão megawatts", disse Fábio Pelegrini, gerente de Cogeração da Guarani.

Para a presidente da Unica, Elizabeth Farina, a geração de biomassa teve destaque em 2014 e, no próximo ano, será preciso definir qual o papel das fontes renováveis na matriz energética do país.


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