Folha de S. Paulo


Rifaina vira refúgio para órfãos da seca de MG e SP

Fugindo da seca e em busca de água para andar em suas lanchas, motos aquáticas e barcos, turistas de regiões onde níveis de lagos, represas e rios estão baixos –ou praticamente secos– estão se refugiando em Rifaina (a 464 km de São Paulo).

Localizada numa região que concentra importantes municípios do país (Ribeirão e Franca, em SP, e Uberaba e Uberlândia, em MG), a cidade de pouco mais de 3.500 habitantes está sendo, aos poucos, "descoberta" também por moradores da capital e de Belo Horizonte.

Banhada pela represa de Jaguara, Rifaina situa-se numa área onde é praticamente impossível haver rebaixamento do nível da água.

A região fica entre hidrelétricas de Furnas e Cemig. A usina local opera em fio d'água, ou seja, não precisa de reservatório para gerar energia, fazendo com que o volume seja sempre constante.

Edson Silva/Folhapress
Turistas em lancha na represa de Jaguara, em Rifaina (SP)
Turistas em lancha na represa de Jaguara, em Rifaina (SP)

A abundância hídrica, a boa localização e as melhorias na infraestrutura têm atraído turistas.

As duas principais marinas da cidade receberam cerca de 20 novas embarcações só de Delfinópolis (MG), onde o baixo nível do reservatório da usina Mascarenhas de Moraes impede a navegação.

Também tem atraído turistas de cidades próximas a São Paulo, banhadas por rios e represas que abastecem o sistema Cantareira, como Nazaré Paulista e Bragança Paulista.

"Há uns dois meses recebo duas ou três ligações por dia de gente de Delfinópolis perguntando preços", disse Fabrício Cantieri, 36, dono da marina Maré Alta, acrescentando que também registrou procura de paulistanos.

Em uma das imobiliárias da cidade houve aumento da procura em 25% neste ano.

"São muitos migrantes [de regiões secas de MG e SP] vindo para Rifaina. Houve uma debandada e estamos aproveitando. Já não tenho nenhum aluguel [de ranchos] para o final do ano", afirmou Paulo Roberto de Melo Freitas, dono da Mara Imóveis.

Em 2013 ele disse que havia algumas opções nesta mesma época.

O aluguel de um rancho chega a custar quase R$ 20 mil em Rifaina, que tem mais de 600 ranchos às margens da represa.

O instrutor de mergulho e empresário Lucas Potenza, 33, disse que paulistas e mineiros "estão descobrindo as belezas de Rifaina".

"Muita gente vai para o lago de Furnas, em cidades próximas a São Paulo, mas quando vêm para cá, ficam impressionadas", afirmou.

É o caso do empresário Osmar Júnior, de Uberaba, que visitou a cidade pela primeira vez neste ano e fez aulas de mergulho na última terça (2).


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