Uma barragem emergencial feita com sacos de areia pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado), aliada à seca recorde, ameaçam o turismo na cidade de Cássia dos Coqueiros (a 304 km de São Paulo).
A prefeitura e os empresários locais fizeram uma representação ao Daee (Departamento de Água e Energia Elétrica), que notificou a empresa na quinta (23) para regularizar a captação em 15 dias.
A Sabesp informou que protocolou o pedido de outorga para fazer a captação.
Cássia é banhada pelo rio Cubatão, que, além de fornecer água para o consumo, abastece cachoeiras que atraem cerca de 400 turistas semanalmente, segundo dados da prefeitura.
A estiagem diminuiu a vazão dessas quedas-d'água.
No entanto, segundo a prefeitura, a vazão reduziu ainda mais desde o dia 20, quando a Sabesp fez a barragem emergencial no rio para retirar água para abastecer a cidade vizinha de Cajuru (a 298 km de São Paulo).
"Não sou técnico, mas a vazão das cachoeiras reduziu visivelmente", disse o assessor jurídico da prefeitura Osmar Eugênio Souza Junior.
Edson Silva/Folhapress | ||
Cachoeira Roccaporena, no rio Cubatão, é uma das atrações turísticas de Cássia dos Coqueiros |
De acordo com ele, ao menos três cachoeiras foram prejudicadas com a medida da Sabesp: a da Serra, a do Mangue e a Roccaporena.
"Além de reduzir a queda das cachoeiras, diminuiu a vazão para os sítios que pegam água do rio", disse a proprietária de uma pousada Ariani Araújo da Silveira, 35.
Conforme Souza Junior, a seca provocou queda no turismo da cidade. Ele afirma temer que a barragem possa reduzir ainda mais.
"Ainda não senti redução no número de clientes, mas temo que, se a cachoeira secar ainda mais, eles possam deixar de vir", disse Ariane.
O rio é o mesmo usado pela Sabesp para abastecer Cássia. Apesar da barragem e da estiagem, a cidade não teve problema no abastecimento.
A Sabesp informou que a barragem feita no rio Cubatão é uma medida para complementar o abastecimento da cidade de Cajuru.
Edson Silva/Folhapress | ||
Barragem feita com sacos de areia pela Sabesp no rio Cubatão, em Cássia dos Coqueiros |
Os mananciais que tradicionalmente servem ao município vizinho de Cássia –o rio Brotas e o ribeirão Vermelho– estão com queda de vazão devido à crise hídrica.
A água que é retirada para atender Cajuru fica depois do ponto de captação de Cássia.
Segundo a Sabesp, estão sendo retirados 1,6 milhão de litros de água por dia em dois pontos do rio Cubatão por meio de caminhões-pipa.
O Daee diz que a companhia tem 15 dias para apresentar uma solução que não venha a comprometer Cássia.
Na semana passada, a Sabesp foi intimada pela Promotoria do Meio Ambiente, que pediu esclarecimentos sobre a retirada de água de Santa Cruz da Esperança (a 316 km de São Paulo) para o abastecimento de outros municípios da região.