Folha de S. Paulo


Consumo alto e problema estrutural provocam a falta de água, diz prefeita de Ribeirão

Problemas na rede de distribuição e o aumento do consumo em função do calor são as causas para o desabastecimento de água em bairros de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), segundo a prefeita Dárcy Vera (PSD).

De acordo com a direção do Daerp (departamento de água e esgoto), para garantir o abastecimento, as bombas de captação de água dos 111 poços da cidade estão operando "ininterruptamente".

A medida fere o que estabelece a outorga do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), que prevê captação por apenas 20 horas diárias, com o restante para recuperar o nível da água.

O Ministério Público instaurou em fevereiro um inquérito para investigar a atuação do Daerp na administração dos poços subterrâneos.

No entanto, mesmo com a captação por mais tempo do que o permitido, algumas regiões, como a dos bairros Alto da Boa Vista, Sumaré, centro e Jardim Paiva, ficaram sem água na última semana.

"Não está faltando água em Ribeirão, mas, assim como está acontecendo em muitas cidades do Estado por causa da seca, vamos ter que fazer um trabalho para evitar o desperdício", disse Dárcy.

A prefeita admitiu que, além da alta do consumo de água de 30% a 40% na cidade, o desperdício de água em vazamentos contribui para o desabastecimento.

Márcia Ribeiro/Folhapress
A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), durante entrevista nesta segunda-feira (20)
A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), durante entrevista nesta segunda-feira (20)

O Daerp informou que irá contratar uma empresa para realizar o conserto de vazamentos na cidade.

Como são muitos locais com vazamentos, as equipes do departamento não conseguem sanar o problema, admitiu a direção do Daerp.

De acordo com o superintendente do Daerp, Marco Antonio dos Santos, o abastecimento no município está "estrangulado", com a captação de água no limite do que é consumido.

"Há uma noção equivocada e que foi passada de geração a geração de que nunca vai faltar água em Ribeirão, porque somos abastecidos pelo aquífero Guarani. É preciso mudar essa visão", disse Santos.

De acordo com ele, a prefeitura, além de obras e intervenções para evitar o vazamento de água pela rede, irá fazer campanhas para redução do consumo.

O superintendente disse não cogitar a possibilidade de racionamento, rodízio ou multa por desperdício.

"O planejamento da rede prevê consumo de 250 litros diários por pessoa, mas, hoje, captamos mais de 300 litros por pessoa", afirmou.

A porteira Joana Cunes, 50, ficou 15 dias sem água no Jardim Paiva. Nesta segunda, a água voltou sem pressão.

"Tem um fiozinho de água nas torneiras, por isso continuo com banho de caneca e lavando louça com bacia."

Segundo Santos, o problema no Jardim Paiva foi resolvido com a troca de bombas.


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