Folha de S. Paulo


Franca recorre a água de postos de combustíveis contra 'seca'

Sem água suficiente para abastecer a cidade, as autoridades de Franca (a 400 km de São Paulo) apelaram agora para a água de poços de postos de combustíveis.

O município, abastecido pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado), enfrenta uma das piores crises hídricas da história, segundo a direção da empresa.

O diretor distrital da Sabesp, Rui Engracia, nega racionamento ou rodízio no fornecimento de água, mas desde terça-feira (14) passou a divulgar listas dos bairros onde deve faltar água no dia.

Para esta sexta-feira (17), ao menos 53 bairros devem ser atingidos pelo desabastecimento, segundo a Sabesp. Nesta quinta-feira (16), foram 64 bairros sem água.

Edson Silva/Folhapress
José Grazonti retira água de mina canalizada em Franca
José Grazonti retira água de mina canalizada em Franca

A empresa já usa 27 caminhões-pipa e cinco carretas que captam água de lagoas e represas particulares e municipais para o abastecimento.

A nova alternativa agora é a tentativa de captar água de poços artesianos dos postos de combustíveis da cidade.

A medida foi definida nesta quinta em uma reunião com o prefeito da cidade, Alexandre Ferreira (PSDB), o promotor Fernando Martins, representantes da Sabesp, Cetesb e representantes dos postos de combustíveis.

"Nós estamos aguardando a chuva. Neste meio tempo, buscamos alternativas", disse o prefeito.

Também nesta quinta, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que há a possibilidade do bônus da Sabesp ser adotado em Franca.

A medida tomada na Grande São Paulo dá desconto na conta de água para aqueles que economizarem.

A medida é uma tentativa de frear a queda do nível do sistema Cantareira, que abastece a região paulista.

A Sabesp, no entanto, não confirmou se a medida será adotada em Franca.

SEM ÁGUA

Enquanto isso, a população de Franca busca água em bicas clandestinas e enfrenta problemas nas tarefas diárias. O empresário José Grazonti, 43, disse que está há ao menos três dias sem água em sua lanchonete, no City Petropólis, e em sua casa, no bairro Santa Terezinha.

Ele foi buscar água em uma mina que brota em um terreno abandonado no bairro. "Uso para lavar louça e chão".

A dona de casa Regiane Cristina Aparecida, 34, forneceu água armazenada em casa para a escola da filha. "Do contrário não dava para deixá-la na escola porque lá está sem."

O bispo da cidade, Paulo Roberto Beloto, afirmou que está rezando para chover no Estado.


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