Folha de S. Paulo


Seca afeta captação subterrânea, e mais cidades estudam corte de água

Ao menos seis cidades da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) estudam adotar o racionamento devido a problemas na captação de água subterrânea causados pela seca.

Outras quatro cidades da região, que dependem desse tipo de captação, já enfrentam o corte programado de água, enquanto quatro municípios aguardam pelas chuvas.

Essas cidades têm de 70% a 100% do abastecimento feito por água do aquífero Guarani, mas, devido ao aumento do consumo e ao rebaixamento momentâneo dos poços, estão com problemas.

Pitangueiras, Guará, Jardinópolis, Aramina, Nuporanga e Borborema estudam adotar o racionamento, enquanto Monte Alto, Altinópolis, Dumont e Serra Azul aguardam as chuvas antes de implantar a medida.

Em Américo Brasiliense, Barrinha, Cravinhos e Morro Agudo já houve corte.

Edson Silva/Folhapress
Poço em Jardinópolis está abaixo do nível necessário para levar água até as moradias
Poço em Jardinópolis está abaixo do nível necessário para levar água até as moradias

Morro Agudo, que capta água no rio São Jerônimo e do aquífero, teve que parar o fornecimento por dez horas, quando o nível do rio caiu e passou a depender apenas dos poços.

Em Barrinha, a prefeitura decidiu fazer racionamento há dois meses quando as bombas dos 13 poços artesianos começaram a quebrar.

"As bombas estavam captando areia em vez de água. Percebemos que não iríamos conseguir manter o mesmo volume de captação", disse Walter Alves, diretor de obras de Barrinha.

Em outras cidades, mesmo sem o racionamento, os moradores já estão convivendo com períodos de desabastecimento. Em Altinópolis, 30% dos 16 mil habitantes ficaram sem água no final de semana, após a quebra da bomba de captação, por causa de areia.

Editoria de Arte/Folhapress

A cidade também ficou mais dependente da água subterrânea, após as duas minas secarem. A água superficial, que representava 30% do abastecimento, caiu a 10%.

Em Guará, aos finais de semana, a prefeitura está reduzindo a pressão da água para evitar o alto consumo.

Já os moradores de Pitangueiras, que convivem com o rodízio de abastecimento entre os bairros durante o dia, devem enfrentar racionamento até o fim da semana, segundo o secretário de Meio Ambiente, Daniel Rodrigues.

Para especialistas, a captação insuficiente nos poços também é resultado das deficiências na gestão.

"Não estão retirando o volume de água recomendado nem respeitando o tempo de recarga", disse João Carlos de Souza, ex-presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas.

Carlos Alencastre, do Daee, afirmou que o baixo nível dos rios e das áreas de recarga do aquífero são afetados a longo prazo.


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