Folha de S. Paulo


Exposição em Ribeirão Preto com telas naïf narra a guerra de Canudos

Divulgação
Obra que retrata batalha enfrentada em Canudos e que faz parte da exposição em Ribeirão Preto
Obra que retrata batalha enfrentada em Canudos e que faz parte da exposição em Ribeirão Preto

Um dos mais sangrentos episódios da história brasileira, a Guerra de Canudos, na Bahia (1896-1897), foi responsável por uma das grandes obras literárias do país –"Os Sertões" (1902), de Euclides da Cunha. Hoje, continua a influenciar artistas pelo país.

Será inaugurada nesta terça-feira (7), em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), uma exposição que conta a história da batalha, com obras de arte naïf –estilo simples, "ingênuo".

As 35 obras expostas fazem parte do acervo pessoal do escritor e professor de literatura Alexandre Azevedo.

"Tenho mais de 300 obras em estilo naïf", disse Azevedo. "Eu gosto do estilo por ser mais popular, produzida e difundida em qualquer lugar.

Com "Os Sertões" como seu livro favorito, Azevedo decidiu unir arte e literatura.

Pediu a 20 artistas que retratassem Antonio Conselheiro, responsável por atrair 20 mil sertanejos, camponeses e ex-escravos para o arraial de Canudos.

"Conselheiro é um dos maiores personagens da história do Brasil. Ele atraiu todas essas pessoas, que eram exploradas, e com isso conseguiu a ira dos grandes fazendeiros, que perderam mão de obra", afirmou.

De acordo com o escritor, os olhares dos artistas mostraram várias faces de Antonio Conselheiro.

Azevedo, então, pediu a um artista, Euclides Coimbra, que criasse uma série de telas com a história da batalha de Canudos.

Segundo Azevedo, as telas de Coimbra mostram a destruição do arraial, com a chegada das tropas do Exército.

"Mostram a beleza daquele povoado, que acolhia e tinha espaço e terra para todos, até a cena de um dos episódios mais sangrentos da nossa história, com a morte de 25 mil pessoas", disse.

Silva Junior/Folhapress
O escritor e professor de literatura Alexandre Azevedo, ao lado de obras no auditório Meira Júnior
O escritor e professor de literatura Alexandre Azevedo, ao lado de obras no auditório Meira Júnior

A guerra, no fim do século 19, envolveu sertanejos pobres, religiosos e tropas do governo baiano, entre outros.

A exposição será inaugurada apenas dois dias após o episódio da batalha completar 117 anos.

"Canudos mostra a determinação de um povo, em busca de seu sonho e uma vida melhor", afirmou. "Todos eles lutaram até a morte".

As telas ficarão expostas em auditório no Theatro Pedro 2º, até o dia 30 de outubro.

Todas as sextas-feiras, Azevedo irá ministrar palestras nos períodos da manhã e noite sobre a guerra de Canudos, o livro "Os Sertões" e sobre a arte naïf no Brasil.

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Canudos Vista pela Arte Naïf
Quando: de 7 a 31 de outubro
Horário: de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h
Local: auditório Meira Júnior, no Theatro Pedro 2º
Preço: entrada gratuita


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