Folha de S. Paulo


Falta planejamento às cidades para enfrentar seca, diz especialista

Especialistas em gestão de recursos hídricos afirmam que faltou, ao longo dos anos, planejamento às cidades para enfrentar a seca.

Docente do curso de engenharia civil da UFSCar e doutor em saneamento pela USP, João Sérgio Cordeiro disse que as cidades devem se programar antes da estiagem, porque o Estado é "paupérrimo" de água superficial disponível para consumo.

Segundo ele, São Paulo tem só 1,6% da água superficial disponível no país. "Estamos um século atrasados nessa questão [de conscientização e formas de evitar racionamento] em relação aos países desenvolvidos."

Silva Júnior/Folhapress
Keila Oliveira, moradora de Cravinhos, é obrigada a armazenar água em baldes em casa
Keila Oliveira, moradora de Cravinhos, é obrigada a armazenar água em baldes em casa

Já Frederico Fábio Mauad, docente do departamento de hidráulica e saneamento da Escola de Engenharia da USP São Carlos, afirma que não se pode culpar a natureza.

"Temos engenharia avançada, com as três melhores universidades do país, gente qualificada e pesquisa. Se houve falha, o que aconteceu? Falta de planejamento."

A Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos informou, em nota, que tem programas de apoio técnico e financeiro aos municípios. O apoio, segundo a pasta, ocorre mediante demanda.

Em Cravinhos, o problema é sentido pela estudante Keila Oliveira, 29. Sem dinheiro para comprar uma caixa-d'água, disse ser obrigada a acumular água em baldes para usar no banheiro, lavar louça e roupas e fazer comida.


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