Folha de S. Paulo


Após escala ficar 'pública', 12 médicos pedem demissão em Araraquara

Doze médicos concursados que atuavam nas duas UPAs (unidades de pronto-atendimento) e no Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Araraquara (a 273 km de São Paulo) pediram demissão depois que a prefeitura começou a publicar, no início do mês, a escala dos médicos na entrada das unidades e na internet.

Duas investigações em andamento na Promotoria e na Câmara apuram supostas fraudes no cumprimento da carga horária dos profissionais. Ao todo, 60 profissionais trabalham nestes locais, segundo a prefeitura.

A divulgação dos horários foi uma medida adotada pela prefeitura para inibir as faltas dos médicos na rede. A Procuradoria da República também recomendou ao município que publicasse a lista dos profissionais que deveriam atuar nas unidades no horário informado.

O secretário da Saúde, Alvaro Martim Guedes, disse que nos últimos seis meses, ao menos cinco profissionais fizeram o uso sistemático de atestados. "São médicos que passavam um mês inteiro sem ir trabalhar. Chegavam a ter um salário razoável no final do mês, sem aparecer na unidade", disse.

A prefeitura prepara a readequação da escala para compensar a saída dos médicos que pediram demissão.

DENÚNCIA

De acordo com denúncia feita pelo vereador Aluisio Braz (PMDB), 48 profissionais profissionais da saúde teriam cometido as irregularidades. Uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) foi instaurada na Câmara e até nesta sexta-feira (12) os integrantes devem ser definidos. Não há data para início dos trabalhos.

Segundo o secretário, a proposta é que seja instalado um painel eletrônico nas unidades. "É importante mostrar para a população os médicos que cumprem seus compromissos", disse.

O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região, Valdir Teodoro Filho, criticou a decisão da prefeitura e disse que a medida foi uma "imposição" e que não estão comprovadas as possíveis fraudes cometidas pelos médicos.

Ele também afirmou que ao governo não respeitou os horários livres informados pelos médicos que trabalham em consultórios e também em outros locais particulares. "A escala conflitava com o horário de atendimento do médico em outro local. O médico não vai abrir mão de um lugar que paga mais", disse.


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