Folha de S. Paulo


Casas de interesse histórico de São Carlos sofrem ameaça de demolição

Quatro casas consideradas de interesse histórico pela Fundação Pró-memória de São Carlos (a 232 km de São Paulo) estão ameaçadas de serem demolidas.

Os imóveis, que ficam na região central da cidade, na rua Sete de Setembro, são do início do século passado e representam a história dos trabalhadores e imigrantes de São Carlos.

Um laudo feito pela Secretaria de Obras do município apontou que as construções estão com risco de desabamento e que, por isso, deveriam ser colocadas abaixo.

Por outro lado, a Promotoria e a Fundação Pro-Memória são contra a demolição e acreditam que o restauro dos imóveis é algo possível.

Edson Silva/Folhapress
Vista interna de imóvel de interesse histórico que sofre risco de desabamento das paredes em São Carlos
Vista interna de imóvel de interesse histórico que sofre risco de desabamento das paredes em São Carlos

O Ministério Público abriu inquérito em 2012 para apurar o estado de conservação dos imóveis.

Depois do laudo da prefeitura, o promotor do caso pediu uma perícia judicial para determinar se a demolição é realmente o único caminho.

A vistoria nos imóveis já foi realizada, mas o laudo ainda não foi concluído e deve ser entregue à Promotoria nas próximas semanas.

A área está interditada desde o mês de junho a pedido da administração municipal, que considerou que o local oferece risco aos pedestres que passam pela rua.

A arquiteta Aline Monteiro Braga Hoffmann, contratada pelo empresário que adquiriu as casas em 2012, disse que as paredes foram escoradas para evitar queda e tapumes foram instalados.

Segundo ela, os proprietários anteriores não preservaram as casas e deixaram o imóvel se deteriorar.

Ela disse que o proprietário quer construir no local um complexo de lojas e aguarda a decisão para saber como proceder com os imóveis.

O Instituto Pró-Memória (órgão municipal de tombamento) é contra a demolição e diz que derrubar as casas é uma perda significativa.

"Demolir é apagar parte da história de São Carlos", disse a arquiteta do Pró-Memória, Mariana Lucchino.

Segundo a arquiteta do Pró-Memória, as casas eram de trabalhadores imigrantes que chegaram a São Carlos no início do século 20.

Ainda de acordo com ela, são exemplares únicos deste período no município.

"A história do município não foi feita apenas por barões e casarões", afirmou.

O secretário de Obras, Marcio Marino disse que o imóvel oferece risco.

"É melhor preservar vidas do que muros", afirmou.

São Carlos conta com um programa de desconto de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para imóveis que são considerados patrimônio ou de interesse histórico, como as casas.

O abate no imposto pode chegar a 100%, dependendo do estado de preservação.

As casas não estão recebendo este benefício, segundo o Pró-Memória, justamente por causa do mau-estado de conservação dos imóveis.


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