Folha de S. Paulo


Entidades de proteção aos animais 'cancelam' oito rodeios no Estado

Além da queda de público, nos últimos anos os rodeios em São Paulo tiveram de driblar também entidades protetoras que pedem o fim das provas com animais.

Atualmente, ao menos oito cidades do Estado, entre elas a capital, têm legislação que proíbe rodeios. Em outras 16, o Tribunal de Justiça proibiu a realização de eventos do tipo, em decisões em primeira e segunda instância e que ainda têm recursos a serem julgados.

O promotor do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) Laerte Levai disse que os rodeios submetem os animais a práticas não naturais ao ambiente rural e que resultam em maus-tratos.

No entanto, segundo Levai, a legislação deixa brechas de interpretação, o que dificulta a proibição das provas.

"Se não houver uma política ambiental paralela a essas ações na Justiça é 'chover no molhado'. Proíbe um rodeio aqui, mas um novo surge no outro ano ou em uma cidade ao lado", disse.

Para o promotor, a proibição dos rodeios ficou mais evidente e mobilizou a sociedade civil em 2011, após a Folha revelar a morte de um bezerro na festa de Barretos (423 km de São Paulo) durante a prova do bulldog –em que o peão tem de imobilizar o animal com as mãos, sem equipamentos.

Em maio, um acidente com seis cavalos que fugiram de um rodeio de Hortolândia e invadiram uma rodovia também pressionou cidades vizinha a discutirem mudança na legislação. A proibição já foi adotada por Valinhos (85 km de São Paulo).

Os cavalos provocaram um acidente com dez veículos, deixando nove pessoas feridas. Os seis animais morreram atropelados.

Para organizadores das festas, a ação de ativistas contra rodeios foi importante para "aumentar a profissionalização do esporte".

Adriano Moraes, diretor de eventos da PBR (Professional Bull Riders) Brasil, principal circuito do país, disse que a falta de conhecimento sobre as provas e os cuidados com os animais gera uma "polêmica desnecessária".

"Por ser um esporte ligado diretamente à cultura sertaneja brasileira, dificilmente, pelo menos dentro da PBR, um animal será machucado". disse Moraes.

Em Barretos, ONGs e "associações sérias envolvidas na proteção aos animais" são convidadas a conhecer o evento, de acordo com Jerônimo Luiz Muzetti, presidente de Os Independentes.


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