Folha de S. Paulo


Vida de prostituta vira documentário em Ribeirão Preto (SP)

Patrícia Pinto, 40, é prostituta e com orgulho. "Chegou uma hora na minha vida em que eu decidi assumir isso para mim e para o mundo: eu gosto do que faço."

Com essa convicção e sem esconder a profissão da família e de amigos, ela aceitou a proposta de um grupo de cineastas de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) para transformar a sua vida em um documentário.

O resultado será exibido nesta quinta-feira (30) no Cineclube Caium, às 19h30 (R$ 8).

"Tive essa ideia depois de dez minutos de conversa com ela", afirma o diretor do filme, Alexandre Carlomagno, 27. Ele diz que, ao conhecer a história da vida de Patrícia, resolveu levar isso para o vídeo.

Traumas de infância, violência sexual, perigos do trabalho na rua e a experiência como presidente de uma ONG são contados por ela mesma no documentário.

No começo da década passada, Patrícia presidiu a Associação Vitória Régia.

De acordo com ela, o trabalho era voltado para a orientação sobre cuidados com a saúde de profissionais do sexo em Ribeirão Preto, em parceria com a USP (Universidade de São Paulo).

"Eu fazia a orientação de travestis e garotas de programa", conta.

Natural de Londrina (PR), Patrícia diz que já teve uma série de outras profissões –como babá e vendedora– e que só entrou para a prostituição quando precisou de dinheiro para tratar um problema de saúde na família.

"Minha mãe é prostituta aposentada e eu sofri muito bullying na infância por isso", afirma.

Edson Silva/Folhapress
A prostituta Patrícia Pinto na sala de projeção do Cine Cauim, onde o filme será exibido
A prostituta Patrícia Pinto na sala de projeção do Cine Cauim, onde o filme será exibido

COTIDIANO

A equipe de cineastas acompanhou por duas semanas o cotidiano de Patrícia.

As imagens foram gravadas na avenida 9 de Julho, onde ela trabalha todas as noites, e também em sua casa.

O filme foi feito de forma independente.

"Gastamos basicamente com alimentação e combustível e cada um levou o equipamento que tinha", disse Milena Maganin, 27, produtora da equipe.


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