Cem anos depois, Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) se prepara para reviver seus momentos de "belle époque" ao abrigar a seleção francesa, a partir de junho de 2014, para a concentração da Copa do Mundo no Brasil.
- 'Petit Paris' era só no centro de Ribeirão, diz professor
- Equipes se formam em Ribeirão Preto para receber franceses em 2014
A intenção é que a cidade se transforme de novo numa "petit Paris" (ou "pequena Paris", em francês), denominação que Ribeirão ganhou nas primeiras décadas do século passado, impulsionada pelo ex-prefeito Joaquim Macedo Bittencourt, que governou a cidade de 1911 a 1920.
Um dos principais personagens da época, Bittencourt rompeu o perfil agrícola e incorporou a Ribeirão transformações arquitetônicas, tecnológicas e comportamentais inspiradas na França.
Estão na pauta das ações, programadas para começarem já no primeiro dia de 2014, eventos como exposições, shows, peças teatrais e feira de turismo sobre a França, de acordo com o secretário municipal do Turismo, Tanielson Campos.
A diversidade da vida noturna de Ribeirão foi um dos pontos que fizeram com que a FFF (Federação Francesa de Futebol) a escolhesse como subsede para a Copa.
A cidade tem centenas de bares, cada vez mais restaurantes e recebe peças de teatro e shows com frequência. Um dos exemplos é o restaurante do francês Sidney Degaine, há três anos no Brasil.
Edson Silva/Folhapress | ||
O chef Sidney Degaine, proprietário do Essence Maison Degaine, restaurante francês em Ribeirão Preto |
Remanescente da época em que o idioma da moda era o francês, todo o conjunto formado pelo Quarteirão Paulista será usado pelos franceses em 2014. O Centro Cultural Palace será a sede da FFF.
A federação ainda utilizará todo o espaço do Theatro Pedro 2º para eventos, como coletivas de imprensa aos cerca de 2.000 jornalistas esperados para o ano que vem.
Estudiosos da "belle époque caipira" lembram que Paris serviu de modelo para que a elite ribeirão-pretana, formada por coronéis do café com grande poder aquisitivo, superasse o passado colonial.
Foi imitando a arquitetura e os hábitos sociais parisienses que Ribeirão viu surgir teatros, como o Teatro Eldorado e o Paris Theatre.
O prédio da prefeitura, o Palácio Rio Branco, foi inspirado na arquitetura da Prefeitura de Paris, Hôtel de Ville.
"Houve companhias teatrais que estrearam em Ribeirão e só depois foram a São Paulo e Rio", disse Rafael Cardoso de Mello, professor de história do Centro Universitário Barão de Mauá e estudioso do tema.
Foi um francês, o empresário François Cassoulet, o fomentador de entretenimentos da época --principalmente os de luxo, segundo a professora de música Gisele Laura Haddad.