Folha de S. Paulo


José Serra usa termo cartel para criticar leilão de Libra

O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) usou nesta quarta-feira (23) a palavra cartel para se referir à ausência de concorrentes no leilão do campo de Libra do pré-sal, comandado pelo governo federal na segunda-feira (21). Ele também criticou a condução do governo na concorrência e disse que o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff em cadeia de TV e rádio teve objetivo apenas "publicitário".

"Leilão implica concorrência. Não teve concorrência, teve um participante só", disse. "Na verdade, o que houve aí [leilão] foi para atender um cartel que eles mesmos [governo federal] organizaram", afirmou, a jornalistas, após discursar no 7º Congresso de Municípios do Noroeste Paulista realizado pela AMA (Associação dos Municípios da Araraquarense) até sexta-feira (25) em Olímpia (438 km de São Paulo).

Também nesta quarta-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se posicionou sobre o leilão. Porém, sua opinião foi diferente da declarada por Serra. Ele disse que o leilão de Libra foi um avanço. Já o senador Aécio Neves (PSDB-MG), provável adversário da presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014, considerou o leilão um fracasso.

Perguntado por jornalistas sobre o termo cartel, Serra afirmou que a palavra foi usada para expressar a formação de um grupo econômico, segundo ele, sem relação criminal ou comparação com a denúncia de formação de cartel liderada pela Siemens no caso dos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

"É uma denominação geral. O Brasil está cheio de cartel: dos bancos, fornecedores, da imprensa", disse. "Foi uma confusão [leilão] como nunca vi na vida, com um único objetivo, publicitário, de confundir as pessoas uma vez que o leilão fracassou", completou.

Ele afirmou que refez as contas apresentadas pela presidente Dilma Rousseff sobre as receitas da exploração do petróleo e que o percentual cai de 85% para 75%. "Enfim, foi uma grande salada russa com números, com a manipulação para conquistar votos. Dá 75% na melhor das hipóteses", disse.

CRÍTICAS À SAÚDE

Serra, que foi ministro da Saúde no governo FHC, também criticou o financiamento dos serviços de saúde feito pelo governo federal aos municípios brasileiros. Disse que desde 2002 a União reduziu sua participação de 53% para 45% nos custos com a saúde de Estados e municípios.

O tucano afirmou que ações como as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) recebem apenas dinheiro do governo federal para a construção, ficando grande parte dos encargos sob responsabilidade dos municípios. Segundo ele, as UPAs são uma cópia das AMAs (Assistência Médica Ambulatorial).

Ainda segundo ele, o governo federal faz "generosidade com metade do chapéu alheio", em referência as isenções tributárias, como de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que impactam nos cofres municipais por causa da redução no FPM (Fundo de Participação dos Municípios).


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