Folha de S. Paulo


Classe C 'cria' restaurantes para multidões no interior de SP

A nova classe média fez se intensificar uma nova categoria de restaurante: o de multidões. Em um único domingo, esse tipo de estabelecimento chega a receber 3.500 pessoas, atraídas também por lazer e recreação familiar.

Na região, a Fazendinha, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), e o pesqueiro Casagrande, em Jardinópolis (329 km da capital), são alguns dos exemplos. Próximo, em Pirassununga, também existe o restaurante Beira-Rio.

Em comum, eles oferecem refeição e atrações por preços que variam de R$ 24 a R$ 42 por pessoa. As bebidas são cobradas separadamente e as refeições podem ser feitas em qualquer horário com a cozinha em funcionamento.

Para o professor da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP, Cláudio de Souza Miranda, esse tipo de negócio é um fenômeno econômico gerado a partir da nova classe média.

Mariana Martins/Folhapress
Consumidores no restaurante Fazendinha, em Ribeirão Preto, que já atraiu 3.500 pessoas em um domingo
Consumidores no restaurante Fazendinha, em Ribeirão Preto, que já atraiu 3.500 pessoas em um domingo

"A lógica é simples. Com mais dinheiro no bolso, o trabalhador também pede por esse tipo de serviço", disse.

Ele comparou o serviço de alimentação fora de casa com um automóvel. "Tem um produto para cada tipo de bolso. Quanto mais se agrega acessórios, mais caro fica. É assim com o restaurante", afirmou.

Miranda, porém, alertou sobre os riscos do negócio. De início, o dono do restaurante vai operar com lucro reduzido ou abaixo de zero. "Ele vai ganhar na quantidade e não na margem. O gestor precisa aprender a trabalhar com os custos", disse.

Dono do Beira-Rio, o empresário Nelson Zero Júnior, 60, afirmou que o movimento cresceu consideravelmente nos últimos dez anos. Por domingo, ele recebe cerca de 700 pessoas. "A economia mudou e tivemos que fazer adequações para receber os clientes", afirmou.

No Fazendinha, a média por domingo é de 2.300 pessoas.

O cardápio é feito de forma a não elevar os custos e impactar no preço ao consumidor, afirmou o gerente Wellington dos Santos, 23. "Seguimos com o que o cliente está acostumado a comer."

O restaurante tem capacidade para 4.000 clientes e já chegou a receber 3.500 no Dia das Mães do ano passado.

Nos restaurantes, os proprietários também organizam festas. "Temos o restaurante há 13 anos. O crescimento foi gradual nesse período e sempre estamos buscando novidades", disse Elisângela Casagrande, 37, proprietária do Casagrande, que recebe cerca de 1.200 pessoas.

COMIDA E DIVERSÃO

A família do sindicalista Fabrício Carlos Fallarino, 35, estava pela segunda vez no Fazendinha no domingo passado. "Para mim, isso é uma novidade em Ribeirão. É uma opção diferente. Consigo unir o útil e o agradável", disse.

No dia, ele gastou R$ 140, divididos entre ele, a mulher e o filho de 12 anos. O serviço não é cobrado para o filho menor, de três anos.

"É uma opção para a família. Fiquei sabendo por amigos e trouxe meus filhos", disse.

O açougueiro Alessandro Duarte, 40, gastou R$ 200 com a mulher e os dois filhos adolescentes. "Não é caro. Mas também não fico esbanjando. É a nossa segunda vez aqui e sempre viemos em datas comemorativas", disse.

Para ele, o atrativo mais forte é o ambiente. "É maravilhoso", disse Duarte.


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