Folha de S. Paulo


Câmara de Araraquara estuda ir à Justiça para impedir protestos em sessões

Após quatro sessões seguidas com interrupções ou suspensões na Câmara de Araraquara (273 km de São Paulo), o presidente da Casa, João Farias (PRB), vai convocar manifestantes para uma reunião na próxima segunda-feira (2) e, caso não haja acordo, estuda ir à Justiça para impedir a presença do público durante as discussões de projetos.

Desde a última terça-feira (20), a entrada de pessoas mascaradas foi suspensa para evitar conflitos. Na mesma semana, um grupo de manifestantes queimou sacos de lixo na entrada do prédio depois de sessão em que os ativistas pediam investigação sobre o cancelamento de um concurso público e sobre o caso do ex-vereador Ronaldo Napeloso (DEM).

Napeloso, que foi secretário do governo Marcelo Barbieri (PMDB), renunciou ao cargo na Câmara após ele ser preso sob suspeita de corrupção na prefeitura, segundo investigação da Polícia Federal.

O ex-vereador ficou preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Araraquara e foi solto no último dia 15.

Edson Silva - 28.ago.2013/Folhapress
O presidente da Câmara de Araraquara, João Farias (PRB), fala durante sessão no Legislativo
O presidente da Câmara de Araraquara, João Farias (PRB), fala durante sessão no Legislativo

"Existe movimento organizado para que a Câmara se inviabilize. O plenário é pequeno e os manifestantes gritam, xingam, puxam palavra de ordem, batem panelas, cantam. Não há condições de trabalhar", disse Farias.

Na semana passada, lixo foi queimado em frente à Câmara, o que impediu a saída dos vereadores do prédio durante um período.

Segundo ele, os protestos são feitos por grupos da oposição, dirigentes do Sindicato dos Servidores Municipais, líderes estudantis e o movimento Reage Araraquara. Ele afirmou ainda que os vereadores respeitam as manifestações, mas exigem regras comportamentais.

"Caso sejamos impedidos de desempenhar o nosso trabalho na terça-feira [dia 3], medidas judiciais que proíbam a presença de manifestantes em dias de sessão serão tomadas."

REAGE ARARAQUARA

Integrante do Reage Araraquara, o técnico em TI (Tecnologia da Informação) Marcelo Bonholi, 38, disse que o grupo estuda se vai comparecer à reunião proposta pelo vereador, já que várias tentativas de diálogos vem sendo feitas pelo movimento desde dezembro, sem sucesso.

Ainda segundo ele, o a Câmara é "nula" e "só trabalha com projetos de pouca relevância". "Precisamos de atitude. Enquanto a Câmara não nos tratar como iguais e investigar os casos graves da cidade, como a empresa que toma conta da Fungota e o caso Napeloso, vamos continuar indo nas sessões."

Nesta terça-feira (20), o PT, um dos partidos da oposição em Araraquara, emitiu uma nota dizendo que a sigla nada tem a ver com o vandalismo registrado no Legislativo.

Ainda segundo a nota, o PT pede esclarecimentos sobre "as graves denúncias" que envolvem a CTA (Companhia Tróleibus Araraquara), a fundação criada pela Prefeitura de Araraquara para administrar a Maternidade Gota de Leite, as secretarias da Agricultura e do Desenvolvimento Urbano e Econômico, os desvios de verbas da agricultura familiar, da merenda escolar e a cobrança de propinas para instalação de empresas.


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