Folha de S. Paulo


Mobilidade é apontada como o maior problema de Ribeirão Preto

Com um sistema de transporte público centrado somente em ônibus e uma frota de veículos que dobrou nos últimos anos, Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) tem na mobilidade urbana o seu principal desafio.

Números do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) mostram que o total de veículos registrados na cidade saltou de 224 mil, em 2002, para em torno de 450 mil no ano passado.

A evolução acelerada dos carros em circulação tornou-se um problema nas grandes cidades, impulsionado, recentemente, pelo aumento de renda da população e o incentivo do governo federal ao setor automobilístico para a venda de carros.

"Essa mística do automóvel de dar conforto e liberdade foi vendida para a população durante anos e, agora, muito mais pessoas podem ter carro", diz o urbanista Silvio Contart. "Mas não dá para sair demolindo a cidade para fazer mais ruas."

Uma das alternativas é melhorar a qualidade do transporte público para que mais pessoas passem a utilizá-lo.

A diversificação do transporte coletivo também é apontada como saída, com a integração de outros tipos, como ciclovias, uso de pequenos veículos elétricos em determinados pontos da cidade e veículos leves sobre trilhos.

"Falar em mobilidade é falar em integração. Não necessariamente ônibus, mas outras formas possíveis de transporte que a cidade precisa pensar", disse o presidente do Comur (Conselho Municipal de Urbanismo), José Roberto Geraldine Junior.

Edson Silva/Folhapress
Congestionamento de veículos em rotatória da avenida Presidente Kennedy, um dos pontos críticos em Ribeirão Preto
Congestionamento de veículos em rotatória da avenida Presidente Kennedy, um dos pontos críticos em Ribeirão Preto

De acordo com estimativa da Transerp (empresa de trânsito e transporte de Ribeirão), cerca de um terço da população utiliza o serviço de ônibus local. Mas são recorrentes as queixas de superlotação e demora nos pontos.

Enquanto os ônibus e carros continuam sendo o principal foco do transporte em Ribeirão, a prefeitura tem um amplo plano para dar mais estrutura e fluidez ao uso desses veículos.

TÚNEIS E PONTES

Está em fase de elaboração do projeto básico um plano de mobilidade urbana que deverá consumir até 2015 cerca de R$ 290 milhões, a maior parte proveniente de recursos do governo federal.

"O plano vai eliminar os principais gargalos que a cidade tem hoje, dando também mais conforto aos usuários de ônibus", diz o secretário de Obras de Ribeirão, Abranche Fuad Abdo.

Vão ser aplicados R$ 93 milhões só no que os engenheiros chamam de "obras de arte". Serão 14 delas, como viadutos, incluindo os dois primeiros túneis da cidade.

O mais extenso deles vai interligar as avenidas Independência e Presidente Vargas, passando por baixo da Nove de Julho. Com isso, quem segue pela Independência vai poder entrar na Vargas sem passar pelo afunilamento existente hoje e sem ter de parar nos dois semáforos que há no local.

"O trânsito vai fluir no local", afirmou Abdo. O outro túnel planeja interligar as avenidas Antonio Diederichsen e Presidente Vargas.

A duplicação do encontro das avenidas Nove de Julho, Portugal e Diederichsen é outra meta. Há obras previstas em regiões periféricas, como dois viadutos na avenida Brasil e nos cruzamentos com a Mogiana e a Thomaz Alberto Whateley.

CORREDORES DE ÔNIBUS

Em Ribeirão, um projeto da prefeitura prevê a implantação de 56 quilômetros de corredores de ônibus, para dar fluidez ao trânsito.

Nesse trajeto, o asfalto vai ser reforçado e as calçadas, padronizadas. "Os ônibus terão mais rapidez", diz o secretário de Obras de Ribeirão, Abranche Fuad Abdo. Nove terminais de ônibus estão previstos. O plano também contempla mais ciclovias no município.

(LEANDRO MARTINS)


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