Folha de S. Paulo


Desafio de Ribeirão Preto é crescer com qualidade de vida

Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) chega aos seus 157 anos nesta quarta-feira (19) com um desafio que, na visão de especialistas, é comum a quase todas as grandes cidades: conseguir unir seu crescimento urbano à qualidade de vida da população.

O município, ainda jovem perto de muitas outras localidades brasileiras, viu seu número de habitantes praticamente dobrar nos últimos 30 anos: de 306 mil, em 1980, para mais de 600 mil contabilizados no Censo 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Editoria de Arte/Folhapress

Se na década de 1980 quase 5% dos moradores de Ribeirão viviam na zona rural, hoje restam menos de 0,3% de ribeirão-pretanos no campo, o que coloca o município entre aqueles com as maiores taxas de urbanização no país.

O crescimento populacional da área urbana criou grandes bairros periféricos, com gargalos que, para especialistas em urbanismo, vão cada vez mais exigir criatividade e empenho dos gestores do município.

O primeiro deles, e mais imediato, é a mobilidade urbana --termo cunhado para tratar não apenas do trânsito de forma isolada, mas de toda a complexa rede que permite aos moradores ir e vir.

"A mobilidade é, com certeza, o principal desafio que Ribeirão Preto precisa enfrentar do ponto de vista urbanístico", afirma o professor José Roberto Geraldine Junior, coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da Barão de Mauá e presidente do Comur (Conselho Municipal de Urbanismo) na cidade.

A atual administração aponta como uma das saídas para melhorar a questão da mobilidade um plano de investimentos de quase R$ 290 milhões na estrutura viária e na modernização do sistema de ônibus, que deve ser implantado até 2015.

PLANEJAR O FUTURO

Outros pontos citados como gargalos urbanísticos estão relacionados ao descarte de resíduos sólidos e à necessidade de planejamento dos novos bairros.

Com o atual eixo de crescimento urbano concentrado principalmente em dois pontos --na zona sul e nas regiões norte e oeste--, essas áreas estão cada vez mais populosas.

Daí, de acordo com urbanistas, a necessidade de existir um planejamento integrado, com utilização mista do solo, contemplando em áreas próximas residências, comércio e serviços.

É uma prioridade não apenas para evitar que a população tenha de percorrer longos trajetos, mas, também, por questão de segurança.

"Ribeirão Preto precisa pensar em política de uso e ocupação do solo que segregue menos a população", diz Geraldine Junior. "Precisa de planos de desenho urbano voltados para a segurança, que é uma questão que agride todas as nossas cidades."

Esse planejamento, afirma ele, pode evitar pontos escuros e desocupados, por exemplo, que acabam se tornando áreas mais propícias à criminalidade.

CONTRASTES

Na zona sul de Ribeirão Preto, onde a expansão urbana está voltada a um público com alto poder aquisitivo --e os projetos são implantados pelo setor privado--, o uso misto do solo já ganhou mais força. Um dos exemplos é a região que cresce no entorno do shopping Iguatemi, com edifícios perto de áreas comerciais e de serviços.

Nas zonas norte e oeste do município, com empreendimentos mais populares, o grande adensamento exclusivamente residencial ainda persiste, e o desafio é criar a integração dessas áreas com serviços públicos e mais diversificados.


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