Folha de S. Paulo


Dois em cada cinco detidos no tráfico em Ribeirão Preto são menores

Dois em cada cinco detidos no tráfico em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) no primeiro trimestre deste ano são menores de idade. É o que apontam dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública, que revelam ainda um crescimento maior nas apreensões de adolescentes em relação aos adultos.

Entre os meses de janeiro e março, foram detidas 499 pessoas, das quais 172 eram menores --as outras 327 tinham mais de 18 anos.

O número de adolescentes detidos representa um aumento de 32,31% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando o total atingiu 130.

Já o total de adultos presos no primeiro trimestre saltou de 277 para os atuais 327 --18,05% a mais, índice de crescimento inferior ao registrado entre menores.

A Folha apurou que a maioria das prisões por tráfico de entorpecentes em Ribeirão Preto são registradas nos bairros Vila Carvalho, Vila Elisa, Ipiranga, Vila Virgínia, Jardim Paulo Gomes Romeo, Jardim Progresso e Adelino Simioni.

Questionada, a Polícia Civil não soube informar se todos os adolescentes apreendidos por tráfico no primeiro trimestre foram encaminhados para a Fundação Casa.

Sobre o combate às drogas, João Osinski Júnior, diretor do Deinter-3 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), disse que, só, a polícia não acabará com o crime.

Já o delegado da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes), Ariovaldo Torrieri Júnior, afirmou que a polícia combate o efeito, não a causa.

RESTRIÇÃO

O temor de ser vítima de assaltos ou de transportar entorpecentes sem saber tem feito com que taxistas de Ribeirão Preto estabeleçam horários próprios para não entrarem em bairros com tráfico na periferia da cidade.

De cinco taxistas ouvidos pela Folha, apenas um disse que enfrenta o medo porque precisa do dinheiro. Outros cobram mais caro quando percebem atitudes suspeitas dos passageiros.

Um dos taxistas, que não quis se identificar, afirmou que evita fazer corridas nos bairros Adelino Simioni, João Rossi e Jardim Progresso.

De acordo com ele, essa decisão foi tomada já há cerca de cinco anos, quando um passageiro pediu que ele o levasse ao João Rossi.

Após o desembarque, o taxista afirmou que não chegou ao segundo quarteirão da rua --ao retornar ao ponto-- quando recebeu uma ligação do mesmo rapaz pedindo para ele o pegar no local em que o havia deixado.

O motorista afirmou que achou estranho, mas só percebeu que o jovem tinha ido buscar droga quando abriu a carteira para pagar a corrida e uma cápsula de cocaína caiu no carpete do carro.

A mesma insegurança atinge os demais motoristas que trabalham à noite ouvidos pela reportagem. Eles dizem que, antes de fazer a corrida, buscam na internet o endereço para avaliar se vale a pena ou não.

(DANIELA SANTOS)


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