Folha de S. Paulo


Minhas duas paixões agora caminham juntas, diz violinista Claudio Cruz

Depois de sete meses longe dos palcos de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), o violinista Cláudio Cruz --ex-maestro da Orquestra Sinfônica local por quase uma década (2002-2011)-- retorna à região com o Quarteto de Cordas para uma apresentação instrumental de clássicos de Schubert, Beethoven e Villa-Lobos.

Após mais de duas décadas, deixou a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e é o hoje diretor musical e maestro titular da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo. Ele se diz entusiasmado para se apresentar novamente na região.

Seu último concerto local aconteceu em setembro passado na Capela da USP.

As apresentações na região acontecem na terça-feira (30) em Franca (400 km de São Paulo), na quarta-feira (1º) em Barretos (423 km de São Paulo), na quinta-feira (2) em Sertãozinho (333 km de São Paulo), na sexta-feira (3) em Bebedouro (381 km de São Paulo) e no sábado em Cravinhos (292 km de São Paulo).

Leia a seguir os principais trechos da entrevista à Folha.

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Folha - Como está sua carreira desde que saiu da Sinfônica de Ribeirão, em 2011?

Cláudio Cruz - Assumi a direção da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo. Estou me dedicando muito à carreira de regente e voltei a tocar como solista de violino, porque quando comecei a reger, há 15 anos, diminuí muito as essas atividades. Agora, as duas paixões estão caminhando paralelamente e pretendo mantê-las assim. Nos últimos dois anos, passei a tocar em muitos concertos, recitais e, principalmente, tenho regido orquestras fora do Brasil. Está divertido. Neste mês, fiquei 22 dias no Japão. Regi a Filarmônica de Nagoya. Fiz três recitais com piano. Antes, estive em Israel e regi a Orquestra Sinfônica de Jerusalém.

Edson Silva/Folhapress
O violinista Cláudio Cruz, ex-regente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto
O violinista Cláudio Cruz, ex-regente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto

Fale sobre o trabalho na Orquestra Jovem do Estado.
A orquestra que tenho nas mãos hoje existe há 33 anos e é muito legal, é grande. São 90 jovens com idades entre 12 e 26 anos. Temos solistas internacionais tocando com a gente este ano. A orquestra tocou na Alemanha no ano passado, toca mensalmente na Sala São Paulo e também está presente em séries internacionais. Em agosto vamos para Berlim.

Esse é o único projeto que você está envolvido?
Esse é apenas um dos projetos que toco. O outro em que estou há três anos é o Quarteto de Cordas que reúne o grupo de solistas de Paulínia: Adrian Petrutiu [violino], Horácio Schaefer [viola], Roberto Ring [violoncelo]. Nossa turnê vai começar nesta semana e vamos passar por Franca, Barretos, Sertãozinho, Bebedouro e Cravinhos. É um projeto superlegal de formação de plateia.

Como foi o início de seu trabalho em Ribeirão?
Quando assumi a Orquestra de Ribeirão Preto, em 2002, foi o meu primeiro cargo como chefe de uma Sinfônica, antes eu estava em Campinas. Achei que tinha que me dedicar muito e, por isso, diminuí um pouco as minhas outras atividades.

Pensa em voltar para a Sinfônica de Ribeirão?
Ser diretor de novo da Sinfônica envolve uma série de coisas. Não sei se a minha agenda permitiria isso. Quando eu estava em Ribeirão, eu procurava ficar duas semanas da minha vida por mês na cidade e eu me dedicava à isso. Recusei muitos convites porque tinha uma responsabilidade com a cidade. Tenho boas recordações e adoro Ribeirão. Gosto muito da cidade e da Sinfônica. Por isso, sempre que eu for convidado para reger, se eu tiver agenda, vou aceitar com o maior prazer. Não briguei com nenhum músico, nem com a administração. Saí numa boa, numa ótima.

Você acompanhou a conturbada passagem do maestro italiano Gian Luigi Zampieri, que assumiu a sua posição?
Não. Sou muito ocupado e nem o conheço. Sempre que passo por uma mudança, viro a página e vou embora. No ano passado, regi um concerto na capela da USP em Ribeirão Preto. Percebi um ambiente meio tenso, mas sou discreto. Não sei de nada. E também não é muito ético ficar questionando. Fiquei oito anos à frente da orquestra e, quando a gente vai embora, também vira a página.


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