Folha de S. Paulo


Pronto-socorro adulto de hospital da USP é fechado por falta de médicos

O Hospital Universitário da USP (Universidade de São Paulo), fechou parcialmente na última segunda-feira (11) o pronto-socorro adulto por falta de funcionários. Só entram na unidade pacientes encaminhados em ambulância ou em caso de emergência. No mês passado, o PS infantil já havia sido fechado.

Nesta quinta (14), nos portões do hospital, uma faixa avisava pacientes sobre o fechamento do pronto-socorro. O atendimento foi mantido em otorrinolaringologia e ginecologia, mas somente na parte da manhã. As áreas de ortopedia e cirurgia obstétrica também estão funcionando normalmente. Com isso, os funcionários do hospital resolveram fazer na quinta uma paralisação de 24 horas.

Este é só mais um capítulo de uma crise que se arrasta desde 2014, quando o hospital começou a sofrer com a perda de profissionais por causa do Programa de Incentivo à Demissão Voluntária da USP. Em decorrência disso, cerca de 25% dos leitos de internação e 40% de UTI foram fechados, de acordo com o Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo).

500 ATENDIMENTOS

De acordo com a entidade, para ter seu quadro completo, como em 2013, o hospital deveria ter 299 médicos, mas tem apenas 248, um deficit de 17,1%. Toda esta situação fez com que os atendimentos, que passavam de 1.000 por dia em 2013, não ultrapassem 500 nos dias de hoje, afirma o sindicato.

"Acompanhamos o desmonte do Hospital Universitário promovido pela administração da USP e as condições de atendimento estão cada vez piores, muitos médicos pedirão demissão", afirma Gerson Salvador, diretor do Simesp.

Mais de 2.000 estudantes da USP passam pelo HU por ano. ªEu deveria estar aprendendo, mas faço o trabalho que os profissionais deveriam fazerº, disse uma residente do hospital que não quis se identificar.

Quem mais sofre com a crise do Hospital Universitário é a população, que fica sem uma unidade que é uma referência na capital.

É o caso de Emilly Vitória, estudante de 17 anos. Ela, que mora na favela São Remo, no Butantã (zona oeste), tem o HU como principal opção para levar a filha, Emanuelly, de quatro meses.

"Vim aqui seis vezes nas últimas semanas. Minha filha nasceu aqui e agora está gripada e com suspeita de bronqueolite, eles sabem do problema. E agora não atendem porque está fechado. Agora tenho de ir até o PS da Lapa. Isso gera transtorno. É vergonhoso", reclama.

A direção do Hospital Universitário não se manifestou sobre o fechamento do pronto-socorro adulto e a perda de médicos nem disse se haverá contratações para repor os profissionais.

A Secretaria de Estado da Saúde, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), disse em nota que o Hospital Universitário é gerido pela USP, que tem "autonomia administrativa e financeira". Segundo a pasta, desde 2015, a unidade recebe R$ 23 milhões anuais via SUS.


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