Folha de S. Paulo


Rosa Helena Schorling (1919-2017)

Mortes: Rosita, a primeira paraquedista mulher do Brasil

Arquivo Pessoal
Rosa Helena Schorling (1919-2017)
Rosa Helena Schorling (1919-2017)

Do pátio do colégio interno em que estudava, em Vitória, Rosita viu um objeto diferente passar pelo céu. Não tinha o barulho estridente dos aviões ou a forma típica dos balões. A adolescente, no entanto, só queria saber uma coisa: tinha gente dentro?

O dirigível Graf Zeppelin, que sobrevoava cidades brasileiras nos anos 1930, instigou a curiosidade da garota, que decidiu voar ao saber que havia sim pessoas lá dentro. O pai, seu grande motivador, impôs uma condição: formar-se professora primeiro –profissão que ela não almejava.

Rosita já acumulava alguns feitos na época, como a carteira de habilitação, tirada aos 12 anos, e a de motociclista, emitida um ano depois. "Comecei em um Opel importado, com direção do lado direito e câmbio do lado de fora", lembrava com orgulho.

Moradora da pequena Domingos Martins (ES), chegou aos céus pouco tempo depois. Primeiro com aulas para pilotar aviões, aos 17 anos –já formada professora–, depois com o paraquedismo. Com pouca instrução e sem equipamento reserva, fez o primeiro salto em 1940, no Rio. Pousou na praia Maria Angu.

Vaidosa e sorridente, gostava de contar sobre seus mais de 130 saltos –o último, aos 77 anos. Uma perna quebrada certa vez, uma enganchada numa árvore, viravam gargalhadas nas entrevistas que concedia, mas Rosita nunca esquecia de destacar os títulos de primeira piloto de avião do ES e primeira paraquedista mulher do país.

Viúva e sem filhos, morreu na última segunda-feira (11), aos 98 anos, após sofrer uma fratura no fêmur. Deixa amigos e muitas recordações.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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