Dez dias após a primeira cirurgia da filha Analis, diagnosticada com câncer em abril de 2016, Cassiandra sofreu um infarto e quase morreu –feita uma angioplastia e implantados dois stents, o funcionamento do seu coração foi reduzido a 30%.
Durante a recuperação, os médicos descobriram que também ela havia sido atacada por um tumor maligno.
Cassiandra era jovem, mas já tivera contato com o fim de muita gente próxima: perdera o pai aos nove, três anos depois a irmã sofreu um acidente de carro e, aos 20, viu a mãe morrer.
A despeito disso, é lembrada pela leveza de espírito. Sabia da efemeridade da vida e não perdia tempo com o que não valesse a pena.
"Era alegre, mas muito franca. Se não gostasse de algo, falava logo de cara", diz o marido, Carlos.
Gaúcha de Cruz Alta, criada em Joinville (SC), conheceu o companheiro, jornalista, durante férias em Florianópolis. Com ele, peregrinou de Mato Grosso do Sul a Campo Mourão (PR), onde por fim se estabeleceram.
Designer de balões –era perita em esculturas com bexigas –, trabalhava voluntariamente confeccionando fraldas e dando aulas de pinturas para mulheres idosas.
Interrompeu seu tratamento para cuidar de Analis, cuja doença entrava em fase final.
A filha se foi em julho deste ano, e Cassiandra voltou ao hospital para uma bateria de exames. Na ocasião, informaram-na que o câncer regredia.
Um mês atrás, no entanto, uma metástase fulminante começou a dar sinais.
Morreu no dia 4, aos 40. Deixa marido e filho.
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