Folha de S. Paulo


Badalada no verão, Guarujá vai tirar quiosques de areia de praia até o Natal

Ettore Chiereguini/Futura Press/Folhapress
Um dos 93 quiosques que ficam na areia da Enseada, praia badalada de Guarujá, é demolido
Um dos 93 quiosques que ficam na areia da Enseada, praia badalada de Guarujá, é demolido

Turistas que escolherem como destino no verão a praia da Enseada, em Guarujá, no litoral paulista, vão se deparar com um novo cenário na faixa de areia. Isso porque a prefeitura iniciou, há uma semana, a demolição de todos os 93 quiosques na areia, por ordem da Justiça Federal.

A expectativa é remover todas essas construções até o Natal. Elas serão substituídas por 54 quiosques no calçadão. Os outros 39 donos, porém, vão perder suas tendas e ficarão sem espaço –a única alternativa dada a eles pela prefeitura é, quem quiser, virar ambulante.

A Enseada é uma das praias mais badaladas da cidade. "[Os quiosques] viraram verdadeiros restaurantes, com vazamento de esgoto na praia, com caixas de gordura também vazando", disse o secretário de Infraestrutura e Obras de Guarujá, Dirceu Marçal.

As estruturas, construídas no início da década de 1990, ficam em área federal e são alvos de Termo de Ajustamento de Conduta feito entre o município e a União em 2010. Em 2014, a prefeitura chegou a iniciar a demolição, retirando quatro quiosques, mas interrompeu os trabalhos devido a recursos judiciais. Na última semana, cinco já foram retirados.

Os novos 54 quiosques no calçadão têm tamanhos reduzidos. Foram erguidos com recursos obtidos pelas associações, segundo o procurador municipal Gustavo Guerra, e atendem às especificações do acordo com a União.

Os 54 permissionários foram selecionados com base em critérios como antiguidade, impostos em dia e ser morador de Guarujá, além de ausência de multas ou dívidas. Dos 39 não contemplados, 12 já se cadastraram para trabalhar como ambulantes.

Em até 30 dias, a prefeitura deve regulamentar o número de mesas e cadeiras que poderão ser colocadas no calçadão e na faixa de areia, desta vez em menor número. Enquanto o cenário se altera, Cícera da Silva, 39, teme o desemprego, já que os novos quiosques não comportam o mesmo número de funcionários. Ela é cozinheira de um deles, tem cinco filhos e diz já procurar emprego no caso de uma eventual demissão.

Dogival Lopes de Mendonça, 52, prepara o novo quiosque com menor número de freezeres devido ao espaço e afirma estar convicto de que terá que cortar funcionários. A moradora Edenice Oliveira, 53, conta que enquanto percorre a praia da Enseada ouve relatos de desespero de trabalhadores com a possibilidade de desemprego. "A tristeza está demais."

O procurador Guerra diz que uma postergação não chegou a ser cogitada, já que, em audiência em agosto, a juíza Alessandra Nuyens Aguiar Aranha, da 4ª Vara Federal de Santos, determinou a remoção até antes do início da temporada de verão.


Endereço da página:

Links no texto: