Folha de S. Paulo


Morte de macaco com febre amarela fecha Parque Ecológico do Tietê

Mais um parque ficará fechado em São Paulo devido à morte de um macaco infectado com febre amarela. E, pela primeira vez, na zona leste da capital paulista -todos os outros 12 fechados nas últimas semanas eram na zona norte. O Parque Ecológico do Tietê será interditado preventivamente a partir deste sábado (11), após um símio infectado ter morrido na região.

O parque, que já estava sendo esvaziado nesta sexta (10), margeia as rodovias que dão acesso ao município de Guarulhos (Grande SP) e ao aeroporto internacional de Cumbica. Ele recebe cerca de 4.000 pessoas por dia útil –e 40 mil nos finais de semana. Além disso, uma área num raio de 800 metros do local passará por operação de vacinação. A ação deve contemplar cerca de 8.000 moradores dos bairros Jardim São Francisco e Jardim Piratininga, no distrito de Cangaíba.

O anúncio foi feito pelo secretário estadual da Saúde, David Uip, ligado ao governo Geraldo Alckmin (PSDB). Uip afirmou ainda que "não há risco de epidemia no Estado". Desde a confirmação da morte de um macaco por febre amarela no Horto Florestal (zona norte da capital) em 20 de outubro, uma série de medidas foram tomadas contra a doença.

Inicialmente a Secretaria de Estado da Saúde fechou o Horto e, junto com a prefeitura, deu início a uma operação de vacinação na região. A ocorrência da doença em São Paulo foi considerada pelo Ministério da Saúde como um novo ciclo da doença, diferente do anterior deste ano. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Maurício Nogueira, a chegada do vírus a São Paulo era prevista. A pasta anunciou o envio de 1,5 milhão de vacinas para São Paulo.

Divulgação
Macaco ferido após suspeita de febre amarela é tratado no zoológico de Gramado, no Rio Grande do Sul
Macaco ferido após suspeita de febre amarela é tratado no zoológico de Gramado, no Rio Grande do Sul

Além do Horto, foram fechados preventivamente outros parques da zona norte paulistana, como o da Cantareira e o Anhanguera, e outros nove parques. Há ainda a recomendação para que não se frequente os parques lineares Canivete, Sena e Córrego do Bispo. O governo do Estado projeta a reabertura dos parques estaduais que foram fechados para janeiro de 2018.

MACACOS

Moradores de bairro encravado no Horto relataram à Folha terem notado a redução no número de macacos na área, o que pode indicar que a doença tem atingido os bichos mais do que se tem registro.

Neste ano, foram registrados 298 macacos mortos por febre amarela no Estado de São Paulo até 1º de novembro. Destes, 293 estão na região de vigilância epidemiológica de Campinas. Além do primeiro do Horto, outros dois macacos mortos na zona norte tiveram a doença confirmada. "Não temos nenhum caso de febre amarela [em humanos] confirmado em São Paulo", ressaltou David Uip.

O secretário pediu cautela com a corrida às vacinas devido aos efeitos adversos –adultos já vacinados não precisam receber outra dose. Segundo Uip, há quatro casos de internação de pessoas vacinadas na zona norte por causa de efeitos adversos.

É esperada a chegada de 2,8 milhões de doses da vacina nos próximos dias para a abastecer a capital, dez cidades na região do Alto Tietê e sete na região de Osasco –os municípios a oeste de São Paulo tem zonas de mata que fazem parte de um corredor ecológico pelo qual a doença pode se proliferar.

O centro de treinamento do Corinthians e o campus da USP Leste, na região do Parque Ecológico, não terão as atividades interrompidas por ora, informou a secretaria.

FEBRE AMARELA EM SÃO PAULOBairros da zona leste também passaram a ter recomendação da vacina

SURTO

O governo federal deu como encerrado o surto de febre amarela deste ano no país no início de setembro. O último caso tinha sido registrado em junho no Espírito Santo.

Os macacos não transmitem o vírus aos humanos –a transmissão ocorre se símios ou humanos infectados forem picados por um mosquito e o mesmo mosquito picar um humano. A chamada febre amarela urbana, porém, não ocorre no Brasil desde 1942.

Em 2017 houve 23 casos e 10 mortes por febre amarela silvestre no Estado de São Paulo. O surto que atingiu o Brasil neste ano foi o maior com número de casos em humanos desde 1980. De dezembro a junho, foram confirmados 777 casos e 261 mortes por febre amarela no país.

O surto também deixou um recorde de macacos doentes e mortos. Os principais Estados atingidos foram Minas Gerais e Espírito Santo. O número de casos fez com que o governo federal anunciasse a ampliação na vacinação contra a doença.

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Ciclos de transmissão

Ciclos

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Sintomas

Sintomas da febre

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Prevenção

Vacinação
- Crianças: a partir dos 9 meses (6 meses em áreas de risco)
- Adultos não vacinados: uma dose

Para evitar picadas
- Repelente (evitar os que também têm protetor solar)
- Aplicar o protetor antes do repelente
- Não usar repelentes em crianças com menos de 2 meses
- Evitar perfume em áreas de mata
- Roupas compridas e claras (ou com permetrina)
- Mosqueteiros e telas

Controle do mosquito
- Evitar água parada e tomar os mesmos cuidados da dengue, porque há risco de a doença ser contraída pelo Aedes aegypti (o que não acontece no Brasil desde 1942)

Distância de áreas de risco
- Evitar áreas de mata com registros da doença; caso vá viajar a esses locais, tome a vacina ao menos dez dias antes

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Tratamento

- É apenas sintomático, com antitérmicos e analgésicos (anti-inflamatórios e salicilatos como AAS não devem ser usados)
- Hospitalização quando necessário, com reposição de líquidos e perdas sanguíneas
- Uso de tela, por exemplo, para evitar o contato do doente com mosquitos

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Febre


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