Foi cuidando dos sogros cegos que a pedagoga Ana Maria decidiu lutar por melhores condições para as pessoas com deficiência múltipla.
Filha de italianos, passou a infância em Barretos (SP), onde nasceu, e no bairro paulistano do Brás. Aos 18 anos, obteve o primeiro emprego como professora em uma escola rural no interior do Estado.
Em 1954, mudou-se para São Paulo, onde se casou e teve três filhos. Dedicou alguns anos à criação deles e voltou a estudar somente nos anos 1970, quando se formou em pedagogia e se especializou em cuidados aos surdos.
Trabalhou por alguns anos no ABC paulista, onde ajudou a fundar a Adefav (Centro de Recursos em Deficiência Múltipla, Surdocegueira e Deficiência Visual) em 1983.
A ONG, hoje no bairro da Aclimação (centro de São Paulo), começou na sala de uma igreja presbiteriana.
Segundo a amiga Helena Olmos, "Donana" era otimista e preservava o bem-estar das mães de pessoas com deficiência. Tinha um coração extremamente generoso. "Porém, quando ficava nervosa, a gente saía de perto", lembra.
Donana gostava de união. Nos momentos de folga ou ao tirar fotos, raramente ficava sozinha. Costumava praticar yoga e não raro acordava no meio da noite para anotar suas ideias em um caderno.
Era uma pessoa acelerada e muito dedicada à família, lembra o filho Roberto.
Aos 75 anos, atacou de escritora com "Heldy Meu Nome", contando a trajetória de uma menina surdacega.
Parou no último dia 16, aos 81 anos, após um infarto. Deixa três filhos, oito netos e o marido, Percival.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
-