Folha de S. Paulo


Thereza Nickelsburg Brandão Teixeira (1920-2017)

Mortes: Formou restauradores de livros em SP

Divulgação/Associação Viva Pacaembu
Thereza Nickelsburg Brandão Teixeira (1920-2017)
Thereza Nickelsburg Brandão Teixeira (1920-2017)

A personalidade forte de Thereza Brandão Teixeira a fez, como boa artista, romper paradigmas: na juventude, não se importava se era malvista pela alta sociedade paulistana por usar calças e fumar em público. Menos ainda, depois, por usar calça jeans, camiseta e tênis, numa época em que ninguém o fazia.

Aficionada por livros (teve diversos autores preferidos ao longo da vida, como Marcel Proust, Machado de Assis e Jorge Amado, diz o filho Roberto), fazia encadernações de obras raras, como hobby.

Até que, já aos 68, resolveu levar o passatempo mais a sério. Com Guita Mindlin e outros, fundou, em 1988, a Aber (Associação Brasileira de Encadernação e Restauro). Na entidade, formou restauradores e ajudou a fundar o laboratório de conservação e restauração do Senai. Deu ainda aulas no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Pintora, circulava bem pelo mundo das artes. Frequentavam sua casa intelectuais e artistas como Paulo Emílio Sales Gomes, de quem era amiga próxima, diz Roberto.

"Na minha casa, durante o regime militar, o pessoal brincava que parecia um aparelho de subversão", afirma Roberto. Além das estantes repletas de livros proibidos, recebia lá figuras malvistas pelo governo militar, como Frei Betto, conta.

Esportista, saía mar afora para pescar a bordo de um barco que mantinha em Santos (SP). Segundo seu filho, estava por dentro das principais discussões do momento, fosse sobre política, futebol, arte ou tênis.

Ainda muito ativa, morreu nesta quinta (2), aos 96, após sofrer um derrame. Deixa seis filhos, 19 netos e bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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