"Ele matou a minha fome muitas vezes", disse um estranho para a viúva de Sebastião Buiu, Rosângela.
Criado na roça em Conduru, distrito de Cachoeiro de Itapemirim (ES), Buiu sempre foi uma máquina. O que o botavam para fazer, ele fazia, para que a sua família não passasse necessidade.
Trabalhou desde os sete anos no terreno da família, onde foi criado com os quatro irmãos pela mãe, Odete.
"Era um tratorzinho", lembra Rosângela, referindo-se ao marido como jogador de futebol. Então conhecido como Bastiãozinho, atuou como zagueiro. A velocidade e o vigor físico lhe permitiam subidas ao ataque, que frequentemente terminavam em gols.
Jogou pelo União de Conduru, e pelo Estrela do Norte, quando mudou-se para Cachoeiro. Ao nascer o primeiro filho, deixou o futebol para buscar uma ocupação que o permitisse sustentar a família. Trabalhou como ajudante de pedreiro e, por mais de duas décadas, como soldador na Viação Itapemirim.
Por querer o bem dos menos favorecidos e ser uma figura conhecida –em parte pelo auxílio prestado–, almejou a carreira política, candidatando-se por diversas vezes à Câmara local. Conseguiu na quarta tentativa, há um ano. Não encerraria o mandato.
Morreu no último dia 24, aos 57, após um AVC hemorrágico ocorrido durante o cumprimento do dever cívico, em plena sessão na Câmara de Cachoeiro.
Deixa a mulher Rosângela, em seu aniversário de 55 anos –e na véspera os dois fizeram 35 anos de casamento–, os filhos Rodrigo, Jaqueline, Diego e Leonam, e três netos.
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Sebastião Gomes (1960-2017) com a mulher, Rosângela, com quem foi casado por 35 anos |
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