Folha de S. Paulo


Ministério estuda ampliar área de vacinação contra a febre amarela

Diante da expansão dos casos de febre amarela neste ano, o Ministério da Saúde estuda ampliar a área de recomendação de vacina. Um dos cenários sob análise inclui todas as cidades de São Paulo, Rio e Bahia, incluindo as capitais, hoje fora do mapa.

Essa perspectiva consta de apresentação feita no início do mês pela Secretaria de Vigilância em Saúde para um seminário na Fiocruz. Sob título "plano 2017/2018", a projeção inclui quase todo o país na área com recomendação de vacinação. Fora do perímetro, ficariam áreas com recomendação de vacinação apenas para menores de 5 anos (veja abaixo).

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Febre amarela - Ministério estuda ampliar área de vacinação
Febre amarela - Ministério estuda ampliar área de vacinação

Procurado, o ministério afirma que as possibilidades de ampliação do mapa da vacina estão ainda sob análise e que uma decisão será tomada ainda neste ano. Em setembro, a pasta já havia anunciado uma mudança, incluindo na vacinação crianças de nove meses de todo o país.

Por ora, permanece a área de recomendação em vigor. No caso da capital paulista, devem se vacinar só os que viajarão a locais afetados e os que vivem ou trabalham em um raio de 500 metros do Horto Florestal. Fora desse grupo, a imunização por ora é desaconselhada, até porque há risco de efeitos colaterais.

EXPANSÃO

O mapa de recomendação da vacina contra o vírus vem sendo gradualmente ampliado nos últimos 15 anos, à medida que o vírus, antes concentrado na região amazônica, avança em direção à costa do país.

Os casos deste ano, principalmente no Sudeste, levantaram preocupação adicional, uma vez que se aproximaram das duas maiores cidades do país, que têm grande parte da população não imunizada. "Não temos mais argumento para não vacinar o país inteiro", disse na semana passada o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Maurício Nogueira.

A questão não é consenso. "A vacina da febre amarela não é inocente, pode ter reações adversas. Não se pode vacinar um número acima do necessário em cada momento", diz o epidemiologista Eduardo Massad, professor da Faculdade de Medicina da USP.

Coordenador do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antônio Bandeira avalia que, no atual momento, o importante é de fato concentrar a vacinação nas áreas próximas à morte do macaco para impedir que o vírus deixe as matas.

Resolvido o problema, ele é favorável à inclusão do Rio e de São Paulo na imunização de rotina aos poucos, até porque não há disponibilidade imediata de vacina para toda a população das grandes metrópoles.
"O ideal é que, quando não estivermos em uma situação crítica, possamos fazer a lição de casa para chegarmos mais preparados a uma nova situação mais delicada", diz.

FEBRE AMARELA

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Perguntas e respostas

Qual é a situação atual da febre amarela na capital paulista?
Após a confirmação da morte de um macaco por febre amarela no Horto Florestal, o governo de SP fechou o local e o parque da Cantareira, também na zona norte, e recomendou a vacina para residentes de bairros próximos. Nesta terça (24), um exame preliminar indicou um macaco infectado pelo vírus no parque Anhanguera, que também foi fechado. A prefeitura recomenda ainda evitar os parques lineares Canivete e Córrego do Bispo (em implantação)

Há registro de pacientes em SP?
No Estado, houve neste ano 22 casos de febre amarela silvestre (transmitida em área de mata), com dez mortes. Na capital paulista, não há registro de casos humanos autóctones, mas apenas de casos importados, ou seja, de pessoas que contraíram o vírus em outros municípios ou Estados

O vírus é transmitido por macacos?
Não. O vírus é transmitido por um tipo de mosquito presente em áreas de mata. O inseto infecta tanto humanos quanto macacos

O Brasil tem casos de febre amarela urbana?
Não. Desde 1942, o país só tem ocorrências da variação silvestre do vírus

Como se prevenir?
A vacinação é a principal medida de prevenção

Quem deve se vacinar?
Na capital paulista, moradores de três bairros: Casa Verde, Cachoeirinha e Tremembé, vizinhos ao Horto. Depois, a imunização será estendida a outros bairros da zona norte. Além disso, permanece a recomendação de vacina para quem se dirige a regiões de mata dentro das áreas de risco. O mapa pode ser consultado em saude.gov.br/febreamarela

Fui ao Horto ou à Cantareira nas últimas semanas. Devo me vacinar?
Não. A recomendação é que apenas moradores ou frequentadores dos bairros vizinhos ao Horto sejam imunizados

Não moro nesses locais nem vou viajar a áreas de risco. Devo me imunizar?
Não, inclusive porque a vacina tem risco de efeitos adversos –embora raros, alguns deles são graves

Onde a vacina está disponível?
Na rede pública, pode ser encontrada em unidades básicas de saúde. Na particular está disponível por cerca de R$ 250

Quantas doses da vacina é preciso tomar?
Uma, segundo recomendação do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial de Saúde)

Até abril, o ministério recomendava tomar uma segunda dose dez anos após a primeira. Quem foi vacinado antes da mudança de recomendação precisa tomar a segunda dose?
Não. A vacina atual é exatamente a mesma de antes. A única mudança é que o ministério passou a aceitar o entendimento anterior da OMS de que apenas uma dose é suficiente.

Quem não deve tomar a vacina?
Gestantes, bebês com menos de 6 meses (e mulheres que amamentam crianças até essa idade) devem evitar, salvo em caso de risco extremo; não podem tomar a vacina alérgicos a ovo e pessoas imunodeprimidas em razão de doença ou tratamento. No caso de pessoas com doenças autoimunes ou mais de 60 anos, a vacinação deve ser analisada por um médico

Tenho indicação para vacina, mas mas perdi meu cartão de vacinação e não sei se tomei a dose. O que fazer?
Procure o serviço de saúde que costuma frequentar e tente resgatar seu histórico. Caso não seja possível, a recomendação é fazer a vacinação normalmente

O horário das unidades de saúde nas áreas de recomendação de vacina será estendido?
Segundo a prefeitura, a extensão do horário de funcionamento está em estudo e deverá acontecer "de acordo com as necessidades de cada região", inclusive, eventualmente, com abertura de unidades aos sábados e domingos

Após a infecção pelo vírus, em quanto tempo a doença se manifesta?
Os sintomas iniciais aparecem de três a seis dias depois

Quais são os sintomas?
Inicialmente, febre, calafrios, dores no corpo, náuseas e vômitos. A maioria das pessoas melhora após os sintomas iniciais, mas cerca de 15% desenvolvem sintomas mais graves, como hemorragia, que podem levar à morte

Febre


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