Folha de S. Paulo


Wladimir Nobrega de Almeida (1941-2017)

Mortes: O adeus do garboso mestre do direito

Por respeito e admiração, os alunos de direito de Wladimir sempre se referiam ao antigo professor da FMU como "mestre", mesmo se o encontrassem anos depois, já no exercício da profissão.

A deferência gerava episódios anedóticos, como a vez em que, durante uma audiência, Wladimir se deparou com um ex-aluno defendendo a parte oposta de seu cliente no processo.

A reunião fortuita ganhou mais um elemento inusitado quando descobriram que o juiz também havia sido aluno de Wladimir. Foi mais fácil para chegarem a um acordo, enfim.

O jeito elegante nos modos, o gosto apurado pelas artes –era um apreciador de músicos de jazz como Frank Sinatra e Bert Kaempfert– e a conversa fluente alimentavam a aura de alguém com grande saber.

Educado em um internato do interior paulista, desenvolveu habilidades como a de tocar órgão, desenhar e até mesmo atuar –que usaria anos depois, quando apaixonou-se por uma bailarina do Municipal de São Paulo. Para ficar mais próximo da moça, usou os dotes adquiridos nas peças do internato para conquistar um papel como ator amador.

Em outra ocasião, foi instado por um cliente a atuar em jurisdição internacional, na Itália. Sem falar uma palavra do idioma, foi ao país europeu e teve que se virar. Ficou cerca de um mês, superou o desafio e, além de conquistar a satisfação do cliente, ainda passeou um pouco por aquelas bandas.

O mestre Wladimir se foi na madrugada de sábado (21), aos 76, após sofrer um infarto. Deixa os filhos Mariana, Wladimir, Guilherme e Fernanda, e os irmãos Wilson e Nilva.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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