Folha de S. Paulo


Justiça determina internação de jovem que matou colegas de sala em Goiânia

A juíza Mônica Cézar Moreno Senhorello determinou na noite deste sábado (21), durante plantão na comarca de Goiânia, a internação do adolescente que matou dois colegas de sala e deixou outros quatro feridos, em uma escola particular da cidade. A internação tem prazo de 45 dias.

A decisão acata pedido do promotor de Justiça Cássio de Sousa Lima. Caso o adolescente seja condenado ao final do processo, a punição máxima é de três anos de internação, de acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Na decisão, a juíza diz que a internação provisória tem caráter excepcional e, por siso, se justifica quando há indícios suficientes de autoria e materialidade da prática do ato infracional e necessidade de garantir a segurança pessoal do adolescente.

"No caso sob análise, observo que o primeiro requisito é perfectibilizado por meio dos documentos que acompanham o auto de apreensão do adolescente, notadamente os depoimentos prestados pelo condutor e pelo próprio apreendido. Mais precisamente, destaco que o apreendido admitiu expressamente que premeditou e executou o ato infracional objeto da presente análise ao ser ouvido pela autoridade policial e pelo membro do Ministério Público", afirma a magistrada.

A juíza pondera também que "se trata de ato gravíssimo, pois o adolescente, com o emprego de arma de fogo, ceifou a vida de dois adolescentes, colocando em risco a vida de outros tantos, inclusive com sérias lesões à integridade física e psicológica de alguns deles".

Ela afirma ainda que, diante da repercussão nacional do episódio, "cabe ao Poder Judiciário uma postura de rigidez frente ao ocorrido, inclusive como forma de preservar a integridade física do representado".

ARREPENDIDO

O adolescente e seu pai foram ouvidos pelo promotor na tarde deste sábado. A mãe passou mal na sexta-feira (20) e está internada desde então, por isso ainda não foi ouvida. Sousa Lima disse que o rapaz estava tranquilo e demonstrou arrependimento pelo que fez. Ele afirmou ainda que o pai estava "consternado".

Filho de policiais militares, o jovem pegou a arma utilizada pela mãe para praticar o crime. Para o promotor os pais do adolescente não foram omissos.

"Segundo foi relatado pelo menor infrator como pelo pai, a arma estava bem escondida em gaveta trancada. Ele vasculhou a casa até encontrar. Acredito que não foi omissão por parte dos pais", afirmou o promotor ao deixar a delegacia onde o jovem está desde que foi apreendido.

A advogada da família do atirador, Rosângela Magalhães, disse que a família só quer se manifestar depois que ele for apresentado ao juiz. No entanto, ela afirmou que existe uma preocupação com a segurança do menino.

"A gente está preocupado com a integridade física dele. Levamos isso ao Ministério Público e ele é sensível a isso", afirmou.

Arquivo Pessoal
Adolescente após ter efetuado ataque a tiros a colegas de escola em Goiânia
Adolescente após ter efetuado ataque a tiros a colegas de escola em Goiânia

O CASO

Segundo a polícia, o adolescente se inspirou em duas outras tragédias envolvendo atiradores em escolas massacre de Columbine, em 1999, nos EUA, e o de Realengo, em 2011, no Rio de Janeiro.

Investigadores dizem que o adolescente esvaziou um carregador e deu mais um tiro de um segundo carregador –a polícia afirma que ao menos 11 tiros foram disparados. O adolescente disse à polícia que ninguém o tinha ensinado a atirar.

O menino disse à polícia que matou os colegas porque sofria bullying. Gonzaga Júnior não quis entrar em detalhes, mas colegas disseram que ele era chamado de "fedorento" por não usar desodorante.

A polícia informou que o adolescente foi contido pela coordenadora da escola. Ele também apontou a arma para a própria cabeça, mas ela o convenceu a não disparar. Ele então atirou no chão e pediu para que a profissional chamasse a polícia.

Os dois meninos mortos foram enterrados na manhã deste sábado.

TIROS EM GOIÂNIA Raio-x da escola particular Goyases, onde ocorreu o ataque

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