Folha de S. Paulo


Doria ganha aval para instalar painéis de LED com anúncios em marginais

Marivaldo Oliveira/Código19/Folhapress
Trânsito na Marginal Pinheiros em São Paulo, na altura da Raia da USP, na zona Sul de São Paulo
Trânsito na Marginal Pinheiros em São Paulo, na altura da Raia da USP, na zona Sul de São Paulo

A gestão João Doria (PSDB) conseguiu aprovação da comissão municipal responsável por regular a lei Cidade Limpa para oferecer a empresas a exibição de suas marcas em painéis de LED nas marginais Pinheiros e Tietê em troca de obras de revitalização de 32 pontes nesses locais.

A instalação de 32 painéis de LED é o ponto mais polêmico de proposta de termo de cooperação, por se assemelharam a outdoors no tamanho (quatro metros de altura por cinco de largura, ou seja, 20 metros quadrados, sete a menos), extintos pela lei Cidade Limpa a partir de 2007; e por serem acusados de possivelmente atrapalhar motoristas.

O conceito do termo de cooperação foi aprovado nesta quarta (18) pela Comissão de Proteção à Paisagem Urbana, o que significa que a prefeitura agora tem aval para assinar acordo que mantenha as ideias apresentadas ao conselho.

O projeto assumido como base pelo Executivo é de autoria da empresa USB Trading Marketing, que há meses tem dialogado com a gestão. Nesta sexta-feira (20), um chamamento público será divulgado no "Diário Oficial" do município e outras empresas interessadas terão cinco dias úteis para apresentar projetos concorrentes que, se forem mais vantajosos, serão assumidos pelo município.

A prefeitura fará a análise de todo o material apresentado e planeja assinar o termo de cooperação com a empresa escolhida já em novembro. O cronograma prevê início das obras em janeiro.

Reprodução
Plano de instalação de paineis de LED em projeto da prefeitura para as marginais
Plano de instalação de painéis de LED em projeto da prefeitura para as marginais

Os painéis de LED seriam a contrapartida das obras bancadas pelas empresas, que envolvem pintura, recuperação de gradis; construção de acessos às ciclovias da marginal Pinheiros; projeto paisagístico em 150 áreas verdes nos acessos às pontes; instalação de câmaras de monitoramento; doação de caminhões guinchos plataformas e 32 veículos de apoio para a prefeitura; entre outros. O custo do projeto é estimado em R$ 300 milhões, que, atualmente, seriam bancados por cinco empresas que já estão em contato com a USB.

É destaque da proposta um plano interativo de iluminação das pontes. Por meio de um aplicativo, as pessoas poderiam alterar as cores das luzes nas pontes ao passar por elas. Quando pessoas diferentes passassem por elas, as cores se fundiriam.

Segundo o conceito aprovado, os painéis de LED exibiriam por dez segundos informações de interesse público, e nos dez segundos seguintes mostrariam as marcas, em revezamento contínuo. Também haveria tempo para a exibição de relógio luminoso desenvolvido por Hans Donner, designer famoso por ter criado a identidade visual da TV Globo, e que é um dos mentores da proposta.

"Não é um bom termo. Não beneficia de fato a cidade. Vai bastante contra vários pontos da Cidade Limpa (...) Os megapainéis são outdoors gigantescos do futuro, que além de serem perigosos para os motoristas, deveriam ser discutidos como novo mobiliário urbano, não dentro de um termo", diz Ursula Troncoso, representante da associação A Cidade Precisa de Você, que participou da votação da CPPU.

"Ainda que as contrapartidas não sejam boas, a parte do embelezamento das pontes poderia acontecer sem problema algum, do meu ponto de vista. Agora, os painéis digitais vão atingir a paisagem urbana", completa.

Marcos Penido, secretário de Serviços e Obras, diz que a Companhia de Engenharia de Tráfego foi consultada sobre os painéis.

"Já discutimos que não pode ter filme nem movimento, tratamos de questões de brilho, luminosidade. Primeira questão é a segurança", afirma, ressaltando que a discussão sobre o tema ainda continuará sendo feita.

"O que temos é um aperfeiçoamento da Cidade Limpa. A cidade era praticamente agredida por outdoors no passado. O que estamos querendo agora é ter marcas como parceiras da cidade."

Em maio, a gestão Doria chegou a publicar edital sobre o tema, mas retirou-o pouco depois após o Tribunal de Contas do Município apontar problemas diversos na proposta.

"Era uma proposta menor, para apenas cinco pontos, com benefício menor para a cidade. Agora vamos trabalhar as marginais inteiras, trazer melhoria grande para a cidade", conclui Penido.


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