Folha de S. Paulo


Agnelo Bueno Pacheco (1946-2017)

Mortes: Criou 'Tomou Doril, a dor sumiu' e a famosa Noites do Terror

No meio de uma conversa com colegas, Agnelo Pacheco poderia desviar o olhar de repente. Puxava um papelzinho, rabiscava e pronto: estava ali a base da nova campanha publicitária da empresa.

Um novato poderia entender aquilo como mágica, ou pura sorte, mas era só experiência. O próprio Agnelo repetia constantemente que nenhuma ideia caía do céu, era preciso sempre buscá-la.

Foi assim que desenvolveu o famoso slogan "Tomou Doril, a dor sumiu" e as populares Noites do Terror, do Playcenter. A ideia, que nasceu no final dos anos 1980, transformou o mês de agosto, que foi do mais vazio ao mais disputado no parque paulistano.

Nascido por acaso na pequena Miguel Pereira, quando a mãe visitava a cidade fluminense para uma festa, Agnelo cresceu em Belo Horizonte. Atuou em peças de teatro e novelas ao vivo na TV local e trabalhou por um tempo como advogado, mas foi a publicidade que ele abraçou, no começo dos anos 1970.

Foi das agências pequenas às mais conhecidas da capital mineira, antes de se mudar para São Paulo. Seria temporário, só por uns dois anos, mas acabou ficando de vez. Abriu sua própria agência e conquistou prêmios como o Clio Awards de Nova York, o Leão de Ouro do Festival de Cannes e o Prêmio Colunistas.

Era dedicado, exigente, mas fez do escritório uma espécie de família, com funcionários de décadas. Já em casa, era tranquilo, conversador. Não dispensava os jogos do Cruzeiro e do São Paulo –times que dividiam seu coração– e os livros de suspense.

Morreu no dia 11, ao 70, após complicações pulmonares. Deixa a mulher, o irmão, quatro filhos e quatro netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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