Folha de S. Paulo


Vigia de creche agendou crime para aniversário de 3 anos da morte de pai

Reprodução/Facebook
O segurança Damião Soares dos Santos, 50, principal suspeito de incêndio em creche em Janauba, MG
Segundo prefeito de Janaúba, Damião não apresentava indício de problemas mentais

Investigações iniciais da polícia indicam que a tragédia desta quinta-feira (5) no interior de Minas foi premeditada pelo vigia da creche. Ele colocou fogo no local, em Janaúba (554 km de Belo Horizonte), e ao menos sete crianças morreram.

Segundo a polícia, na residência de Damião Soares dos Santos, 50, que também morreu queimado, foram encontrados galões com combustível. Além disso, segundo a apuração, o segurança da creche marcou simbolicamente a data do crime, a mesma da morte de seu pai, há três anos.

Dois dias antes do crime, Damião também afirmou a familiares que daria um "presente" a todos e que se mataria em seguida. As investigações da polícia de MG também apontaram que ele tinha problemas mentais e era obcecado por crianças.

TRAGÉDIA EM JANAÚBACidade rural onde vigia colocou fogo em crianças fica a 557 km de Belo Horizonte

O Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente pertence à prefeitura e fica no bairro Rio Novo. Damião trabalhava na condição de funcionário efetivo da creche desde 2008. De acordo com testemunhas, ele teria ateado fogo ao próprio corpo e ido em direção às crianças durante o ataque.

Em entrevista ao UOL, o prefeito de Janaúba, Carlos Isaildon Mendes (PSDB), afirmou que o segurança retornaria de férias nesta quinta à creche, que funciona em período integral. A instituição tinha capacidade para 82 crianças e estava cheia na manhã desta quinta. "Ele tinha acabado de chegar de férias e entrou na escola dizendo que ia entregar um atestado médico, alegando que não passava bem. Mas estava com um balde, e, em um gesto completamente insuspeito, jogou o que seria álcool, que estava nesse balde, no próprio corpo, e no corpo das crianças", afirmou.

Indagado sobre as condições mentais do funcionário, Mendes negou que ele tivesse apresentado algum indício de problemas. "O que me relataram lá é que ele chegou normal e tranquilamente até a diretora para supostamente entregar um atestado médico. Estamos mesmo muito surpresos com o que aconteceu", disse.

Por outro lado, o prefeito disse que o ataque "poderia ter sido pior", já que a sala em que o segurança entrou com o material inflamável era a do segundo período, com crianças de até cinco anos de idade. "Infelizmente, poderia ter sido algo até pior, porque a sala ao lado era o berçário, e evacuar crianças dali seria muito mais difícil. Onde ele atacou as vítimas são maiorzinhas e muitas conseguiram escapar", afirmou.

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