Folha de S. Paulo


Após 1 semana, Forças Armadas irão desfazer cerco à Rocinha nesta sexta

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou nesta quinta-feira (28) que as Forças Armadas vão começar a deixar a Rocinha a partir de sexta-feira (29).

A informação, dada em entrevista ao "RJTV", da Globo, foi confirmada pelo ministro à Folha.

A favela estava cercada pelo Exército desde o dia 22, após cinco dias de operações policiais, guerra entre facções e tiroteios que provocaram uma onda de pânico pelo Rio.

Um contingente de 950 homens foi enviado pelo governo federal para cercar a região e liberar os destacamentos da Polícia Militar a subirem na comunidade.

Segundo a secretaria de Segurança do Rio, em seis dias de operações coordenadas entre polícia e Forças Armadas, 24 pessoas foram presas e 25 fuzis foram apreendidos.

No total, sete pessoas morreram, das quais quatro na guerra do tráfico e outras três em decorrência de ações policiais.

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CRIME

O anúncio ocorre no mesmo dia em que um crime levou pânico a moradores da favela e mostrou que, a despeito da forte presença policial e de militares, os traficantes continuam na favela. No meio da tarde, dois menores de idade foram sequestrados e torturados por traficantes na parte alta do morro.

Pelo relato de pessoas próximas às vítimas, que pediram anonimato, os traficantes pareciam ser do grupo de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso desde 2011. Um dos meninos caminhava com um boné com a inscrição "Jesus é o dono do lugar" –que, segundo policiais civis, é a mesma grafada numa medalha usada por Rogério Avelino, o Rogério 157.

Os jovens teriam sido torturados por uma hora porque foram confundidos com homens do bando de 157. Eles estavam cobertos de gasolina e com fitas adesivas presas no rosto quando foram resgatados por fuzileiros navais, após moradores denunciarem o crime aos militares.

O conflito na Rocinha teve início no último dia 17, depois que traficantes a mando de Nem tentaram retomar o comando da favela das mãos de Rogério 157. Os dois faziam parte da facção ADA (Amigos dos Amigos). Cerca de mil militares foram enviados no último dia 22 à favela para fazer um cerco enquanto policiais tentavam capturar criminosos que entraram em guerra.

Durante a semana, as autoridades divulgaram a informação de que bandidos do bando de Nem teriam fugido, enquanto o grupo de Rogério 157 estava refugiado na mata ou teria buscado abrigo em favelas do rival Comando Vermelho. Moradores relataram à Folha, porém, que durante a noite traficantes retomam seus pontos de drogas.

Apesar do crime, a rotina na favela começa a voltar ao normal.


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