Folha de S. Paulo


Militares tiram máscara e distribuem doces de Cosme e Damião na Rocinha

Domingos Peixoto/Agência o Globo
Soldados mascarados do Exército fazem operação na Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro
Soldados mascarados do Exército fazem operação na Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro

Militares das Forças Armadas que participam do cerco à Rocinha, favela em São Conrado, na zona sul do Rio, foram orientados a retirar as balaclavas, espécie de touca ninja, com imagens de caveiras.

Desde que os militares passaram a dar apoio às operações policiais na favela, na última sexta-feira (22), homens com farda das Forças Armadas têm sido vistos com máscaras ou toucas que simulam o rosto de caveiras.

De acordo com a assessoria de imprensa do Comando Militar do Leste, que coordena o uso dos militares nas operações policiais, a balaclava é prevista no uniforme de combate, mas só são permitidas toucas de cores preta ou azul. Nenhuma outra cor, imagem ou inscrição está contemplada no uniforme. Segundo o CML, será apurado o uso indevido do uniforme militar e os responsáveis podem ser punidos.

O rosto de caveira estampado em balaclavas é algo utilizado em zonas de guerra ao redor do mundo. O objetivo é, além de esconder a identidade do soldado, provocar medo no inimigo. A vestimenta foi popularizada no mundo dos videogames de guerra.

Blackblocs também costumam fazer o uso das máscaras de caveira para esconder seus rostos em protestos violentos. Moradores relataram desconforto com o item. Toucas ninja são comumente utilizados por policiais em operações no Brasil. No Rio, muitas vezes são usados por policiais por questões de segurança. Muitos agentes que combatem o tráfico são também moradores de áreas conflagradas. O uso é questionado por moradores e especialistas em segurança porque ele poderia dar margem a abusos policiais.

Moradores da Rocinha têm se queixado que policiais têm invadido casas sem mandado judicial e revirado armários e gavetas em busca de elos de moradores com traficantes foragidos do conflito que teve início no último dia 17 na favela.

Em meio à rotina de violência, as tropas das Forças Armadas distribuem, nesta quarta-feira (27), doces de São Cosme e Damião na comunidade.

A distribuição de doces às crianças é uma tradição no Rio. Segundo o CML, a iniciativa partiu da própria tropa que atua na Rocinha, sem ligação com o comando da operação.


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