Folha de S. Paulo


Réus choram diante de jurados e dizem rezar por vítimas de chacina

Aloisio Maurício/Fotoarena/Folhapress
Julgamento deacusados de participar da chacina que deixou 17 pessoas mortas em 2015 em Osasco
Julgamento deacusados de participar da chacina que deixou 17 pessoas mortas em 2015 em Osasco

O interrogatório dos acusados da participação na maior chacina da história de São Paulo foi marcado nesta quarta (20) pelo choro dos policiais militares, que negaram participação nas mortes e disseram rezar pelas famílias das vítimas.

O soldado Thiago Barbosa Henklain, por exemplo, chegou a chorar compulsivamente em suas declarações finais, a ponto de provocar a suspensão do julgamento por cerca de cinco minutos para que ele pudesse se recompor. Neste momento, parte do público, formado em sua maioria por famílias de policiais militares e guardas municipais, também foi às lágrimas.

"Sou inocente. Não posso colocar minha dor no mesmo patamar dessas famílias, mas minha família tem sofrido muito nesse dois anos. Estou preso, não pude ver os primeiros passos do meu filho...", disse Henklain, quando entrou em prantos.

Quando retornou ao plenário, disse que jamais participaria de "cenas tão bárbaras" como as vistas na noite de 13 de agosto de 2013 e que tem "orado para todas essas famílias".

O policial é acusado de participar da morte de 17 pessoas em 13 de agosto de 2013. Ele é policial em Osasco e trabalhava na mesma unidade do PM assassinado dias antes e que teria desencadeado a chacina. Já o soldado da Rota Fabrício Eleutério, que chorou ao falar dos pais, iniciou sua fala dizendo que queria ser castigado por Deus se mentisse aos jurados.

"Minha religião não permite rezar, mas quero que Deus me dê um câncer se o que eu falar aqui não forem coisas verdadeiras", disse ele. "Eu sou inocente. Não tirei a vida de nenhuma dessas vítimas", afirmou o policial que disse ser cristão e que "ama amar o próximo".

O mais comedido dos réus foi o guarda municipal de Barueri, Sérgio Manhanhã, que não chorou e apenas respondeu às perguntas feitas pela Justiça e pelo Ministério Público, sem declarações como as dos colegas.

Ele é acusado de dar apoio moral ao afastar carros da guarda de regiões onde iriam ocorrer os ataques. Os comandantes da guarda à época, porém, afirmam que ele não tinha autoridade para movimentar as patrulhas, que ficaram nos postos pré-estabelecidos no início do mês. Nenhum dos réus se recusou a responder perguntas da acusação.

Nesta quinta (21) devem iniciar os debates. O julgamento deve terminar na sexta (22).


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