Folha de S. Paulo


Rio pede que Forças Armadas ajudem no patrulhamento de ruas da cidade

A Secretaria de Segurança do Rio solicitou às Forças Armadas apoio no patrulhamento de 103 pontos da região metropolitana da capital, incluindo vias expressas e imediações de comunidades com risco de conflito.

O pedido ocorre quase um mês após a última operação conjunta entre a polícia e o Exército no Rio e se segue a um fim de semana de intensos conflitos entre facções rivais em comunidades na cidade.

Solicitado no final de julho, o reforço dos militares à segurança do Rio tem sido questionado pela falta de operações conjuntas –a última foi realizada no dia 21 de agosto.

Em entrevistas concedidas nos últimos dias, o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que a ausência das tropas é resultado da falta planejamento da Secretaria de Segurança do Rio. Mas reafirmou que as Forças Armadas estão à disposição do governo estadual. O canal de TV por assinatura GloboNews informou na noite desta quarta que Jungmann disse que vai negar o o pedido de patrulhamento, mas que a decisão cabe ao presidente.

Nesta quarta (20), o governador Luiz Fernando Pezão defendeu, em nota, a permanência das Forças Armadas e disse que o governo do Rio está "à disposição para os devidos ajustes de planejamento e execução das operações".

Pezão ressaltou, porém, que o Exército deixou claro que não quer entrar nas comunidades para ficar, apenas atuando em operações pontuais. "Precisamos, cada vez mais, dessa integração", disse ele, em nota. "Nunca se prendeu tanto nesse Estado, se apreendeu tanto fuzil. Já são mais de 300 fuzis apreendidos este ano".

No pedido, feito na noite de quarta, o Estado cita, entre os locais de patrulhamento, a Avenida Brasil e as regiões da Rocinha e do Juramento, onde houve conflitos neste fim de semana.

Na Rocinha, uma disputa entre grupos rivais no domingo (17) deixou pelo menos três mortos e três feridos. No Juramento, uma guerra de facções no sábado (16) terminou com pelo menos sete mortos.

ROCINHA

Mais cedo, Pezão, disse que vetou ação policial na Rocinha durante guerra de traficantes que deixou pelo menos três mortos no domingo (17).

A área de segurança do Rio tinha conhecimento da possibilidade de invasão da comunidade por grupos ligados ao traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem.

Raquel Cunha/Folhapress
Velório de Marcelo Rezende na Assembléia Legislativa de São Paulo
Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro

Pezão defendeu que uma ação policial durante o conflito poderia ter causado mais mortes. Ele disse ter sido avisado da invasão ainda na madrugada de domingo.

"O dia que tem mais gente na rua (na Rocinha) é no domingo. Se a gente reage àquela entrada daqueles marginais portando fuzil, seria uma guerra onde morreriam muitos inocentes", disse Pezão, em entrevista ao RJTV, da Rede Globo.

"Eu mesmo desautorizei qualquer ação naquele confronto", completou o governador, citando ainda o risco a pessoas que voltavam do Rock in Rio na madrugada –a Rocinha fica em uma das principais ligações entre a zona sul e a zona oeste do Rio.

A guerra teve início na madrugada de domingo. O grupo ligado a Nem tinha o objetivo de tomar o controle do tráfico de drogas na comunidade das mãos de Rogério Avelino, conhecido como Rogério 157.

Na segunda (18), as forças de segurança do Rio iniciaram uma operação por tempo indeterminado na favela. Durante a ocupação, uma pessoa foi morta e três suspeitos foram presos.

Em nota, o governo do Estado diz que a polícia ficará na Rocinha "o tempo que for necessário para evitar novos confrontos". A comunidade tem uma Unidade de Polícia Pacificadora, implantada em 2012.

Nesta quarta, a Polícia Militar realiza operações em oito favelas, com o objetivo de buscar criminosos envolvidos na guerra de domingo.


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